“Esta equipa merece ser campeã nacional”

Miguel Marques tem 50 anos e começou a jogar rugby muito novo. Apesar de ter deixado de jogar, em 2011, graças também aos seus filhos voltou a ligar-se a este desporto formando uma equipa sub 14 mista. Mais tarde, e como a adesão foi maior do que esperava, formou uma equipa sénior feminina onde é atualmente treinador. O Rugby Clube de Tondela, o clube que Miguel Marques treina e também é presidente, tem atletas desde os 8 aos 25 anos.

 

Como é que começou esta equipa?

Durante uns treinos da equipa de rapazes dos Sub 14, algumas raparigas assistiam e eu estava sempre a chateá-las para elas aparecerem e experimentarem. Até que um dia uma rapariga, a Patrícia, que conseguiu juntar cinco raparigas. Vieram poucas no primeiro treino, mas depois começaram a vir mais e mais. Passado uns tempos houve um torneio e uns jogos mistos e elas gostaram bastante e tentaram arranjar mais algumas raparigas para ir a um torneio de praia, o Figueira Beach Rugby. Aí conseguimos levar 7 jogadoras e, até hoje, ainda é dos torneios em que mais gostei de participar. Seguiu-se uma fase de crescimento e chegámos a ter vinte e tal jogadoras, mas depois umas desistiram porque já eram  mais velhas e não conseguiam conciliar muito bem a vida pessoal com o desporto. Atualmente as nossas jogadoras mais velhas e mais experientes vieram desse lote de vinte e tal jogadoras. Começaram todas com 14 anos e agora têm, quase todas, 20 anos. São a base da equipa e algumas delas da Seleção Nacional.

 

Como é que é trabalhar com elas?

Tem de tudo! É motivador, às vezes fico chateado, fico triste, fico alegre, tem todas as emoções. Os resultados e às vezes os sorrisos que elas me transmitem é que são a minha motivação para continuar. Atualmente não tem sido muito fácil, porque com as idas para as faculdades ficámos sem muita gente nos treinos durante a semana, o que é normal, mas as mais novas acabam por se ressentir pois não têm o apoio e a experiência que só as mais velhas lhes conseguem transmitir. À sexta-feira é sempre o nosso melhor treino, porque acabam por vir as universitárias quase todas treinar e então é um treino muito produtivo.

 

Quais são os planos para o futuro?

Os planos a curto prazo passam por manter ou aumentar esta equipa, visto que mais cedo ou mais tarde algumas vão acabar por desistir devido aos empregos e outros problemas pessoais. Esperamos um dia ter dinheiro para reforçar com algumas jogadoras melhores, mais experientes e até de outros países, porque acho que esta equipa merece ser campeã nacional e então o grande objetivo é trabalhar com elas durante mais um ano para dominarem mesmo o rugby feminino. Outra coisa que estamos a tentar fazer é trazer miúdas novas porque, além de serem mais fáceis de convencer a vir experimentar, também conseguem ter uma melhor aprendizagem do que é o rugby. Nos escalões mais novos a competição não é tão dura e não há tantas regras, assim aprendem as coisas com mais calma.

 

Texto e imagem: Sandra Dias

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