Perfil. António Guterres, de Tonico a dirigente máximo da ONU

Pode parecer estranho, mas o atual Secretário-Geral da ONU esteve quase para ser padre. É verdade, António Guterres começou por ser acólito na igreja de Donas, uma aldeia algures no Fundão, em Castelo Branco. Dava pelo nome de Tonico e aparentemente prometia um futuro brilhante na carreira eclesiástica.

Por Maria João Paiva

Rumando em direção a Lisboa encontramos o bairro onde Guterres registou memórias ainda mais marcantes, o bairro de São Miguel. Aluno no Liceu Camões, foi onde acabou por conhecer Carlos Santos Ferreira e, mais tarde, Marcelo Rebelo De Sousa.

Acabou o liceu com média de 18 valores, o que fez com que recebesse o Prémio Nacional dos Liceus. Mais tarde, já no ensino superior, terminou a licenciatura de Engenharia Eletrotécnica com média de 19 valores, o que equivale a uma das melhores médias registadas na história do Instituto Superior Técnico.

Este sucesso académico não foi resultado de um milagre, mas sim de muito estudo. José Queirós, antigo colega do Tonico, revelou em entrevista ao jornal Público que durante as “férias, enquanto a maior parte de nós se divertia, ele estudava a parte da matéria que ia dar a seguir”. Como o jornalista Ricardo Costa um dia escreveu no jornal Expresso, “António Guterres é o clássico estudante aplicado e enciclopédico, que devora dossiês e lê tudo o que apanha à frente”.

Saiu do Técnico com algumas vivências um pouco fora do comum, ou pelo menos uma. Conseguiu causar um curto-circuito ao fazer uma experiência eletrotécnica.

Já se falarmos nas experiências políticas, podem não ser tão inusitadas como aquela experiência, mas nem tudo correu como esperado. Foi nomeado como secretário-geral do PS em 1992 e passados três anos foi eleito primeiro-ministro, cargo decidiu abandonar em 2002.

A verdade é que antes de subir para esse posto político, António Guterres, pouco depois de se formar, aderiu ao Partido Socialista, o que fez com que exercesse durante os primeiros governos pós 25 de abril. Para além disto ficou 17 anos na Assembleia da República como deputado desde 1976.

No seu percurso foram várias as iniciativas em que participou ou que fundou, tal como é o caso da DECO (Associação Portuguesa de Consumidores) ou do Concelho Português dos Refugiados.

Atualmente é Secretário-Geral da ONU, cargo que assumiu no dia 1 de janeiro de 2017. É um dos principais agentes no combate às injustiças sociais que acontecem por todo o mundo.

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