Cinema português sofre de um “problema” na distribuição

Mário Gajo de Carvalho, realizador e produtor nacional, esteve na ESEV, valorizou o cinema nacional e reforçou a ideia de que é melhor aceite fora de portas do que no seu próprio país.

Entrevista: Miguel Midões (Docente)

Sonoplastia/edição de som da entrevista: Hugo Daniel, Lígia Fernandes, Marta Santos, Inês Melo (Alunos)

Texto/Notícia: Mara Coimbra, Débora Varela, João Gomes, Patrícia Rodrigues, Enrico Almeida

Entrevista a Mário Gajo de Carvalho

Mário Gajo de Carvalho, da produtora Filmes do Gajo, considera que o cinema nacional é mais visto no estrangeiro. Lá fora ouvem-se palavras como: “parabéns pelo cinema português, porque o cinema português é bom!”, explica o produtor e realizador acerca do problema que existe na diferença entre o cinema a que estamos habituados, o denominado cinema blockbusters de Hollywood, e o cinema português.            

Desse modo sente que os portugueses não estão preparados para se predispor à visualização de cinematografia nacional. “Em Portugal há muitas produtoras de cinema e eu acho que o que faz falta em Portugal é que o cinema português seja mais visível”, afirma. Acrescenta que “há imensas produções a acontecer de curtas e de longas metragens, documentário de animação, mas depois os filmes não chegam às pessoas”. O que o leva a dizer mesmo que “o cinema português é um bocado invisível porque os portugueses não conseguem chegar até ele.”                                       

O nascimento do plano nacional de cinema em 2013 surgiu com o principal intuito de promover os filmes nacionais nas escolas e sobretudo incutir interesse sobre o cinema português aos mais jovens. Os trabalhos de Mário Gajo de Carvalho incidem sobretudo na área dos documentários. Foi pela mão da professora Graça Castanheira e através do diretor da cinemateca portuguesa José Manuel Costa, que o produtor e realizador se começou a apaixonar pela área documental.           

Já realizou e produziu diversos trabalhos cinematográficos, quer em Portugal quer no estrangeiro, como por exemplo na Roménia, na Sérvia, e na Etiópia. Nos seus trabalhos privilegia bastante o som e considera-o uma parte essencial na construção de um filme, como podemos confirmar no filme “O rapaz e a Coruja”. “Quando pensamos num filme pensamos em imagens e também na sua componente sonora”, garante.

O entrevistado está em mãos com um projeto que nasceu em Viseu, de um encontro com o realizador nacional João Vladimiro, que o convidou para ser produtor, mas sobre o qual não revelou pormenores. “Ele tinha um projeto em mãos, que desenvolveu sozinho e perguntou-me se eu queria entrar para o barco como produtor. Eu vi-o, gostei muito e disse logo que sim”, sublinha.                                                            

Mário Gajo de Carvalho tirou quatro cursos superiores em cinema e artes. O seu primeiro filme foi “Os Milionários”, onde se estreou na competição internacional no Indielisboa, realizou a curta “O Rapaz e a Coruja”, que teve a Première no 29º CineMagic no Reino Unido em 2018 e co-realizou o “Circus Movements” em 2019.   Esteve na ESEV no âmbito de uma aula abertapromovida em parceria com o Cineclube de Viseu

a