A Terapia de Sebastian Fitzek: um prato cheio de mistério para os amantes de suspense

Em pleno clima outonal, o suspense tomou conta da Amazon Prime Video. A Terapia de Sebastian Fitzek é um dos novos lançamentos da plataforma, com uma proposta misteriosa. Baseada no livro “Terapia de Choque”, de Sebastian Fitzek, a série alemã dirigida por Thor Freudenthal e Iván Sáinz-Pardo entra no catálogo de forma vincada e robusta.

Por Ricardo Rodrigues

Após o misterioso desaparecimento da filha numa clínica, a loucura e a melancolia tomam conta de Viktor Larenz, personagem interpretada por Stephan Kampwirth. Sem uma reação aparente, o pai e terapeuta adota uma postura defensiva e acaba por se “refugiar” em Parkum, ilha remota onde possui um lar. É nessa localidade que se encontra com Anna Spiegel (Emma Bading), que procura de forma urgente os cuidados do ex-psicólogo.

O enredo é fluido o suficiente para que os acontecimentos se desencadeiem na velocidade apropriada, sendo que o dia do desaparecimento acaba por tomar conta da ação. Envolto em analepses e prolepses constantes, o período da perda da filha parece ser infindável, uma vez que o mistério não vê uma “luz ao fundo do túnel”. Josy é uma criança misteriosa, protegida pela cadência imposta pela entidade parental e sente-se como um objeto estranho na geração a que pertence.

É no acentuar do volume que a série ganha ritmo em momentos facilmente identificáveis, dando a essas cenas um tom de importância relevada e conteúdo que urge que se retenha. O pai é a personagem mais complexa do episódio piloto e aparece em múltiplas ocasiões de um ponta de vista contrapicado, que favorece a sua inquietude regular. Apesar da falta de nitidez comunicativa em situações esporádicas, é passada uma constante mensagem receosa através da linguagem corporal, que é trémula e pouco convicta.

Há pouco que comunique mais do que a policromia apresentada ao longo da obra. Com foco no azul e no amarelo, é dado ao recetor um sentimento melancólico, triste, frio, louco, doente e até obsessivo. A presença assídua do piano nos espaços habitados por Viktor Larenz converge com a tonalidade, na medida em que é traçado um caminho de dor e de emoções penosas. Anna Spiegel aparece na casa da ilha sem defesas e trajada de vermelho, o que transparece perigo de forma imediata.

Não há para já previsão de continuidade da saga, tendo o espetador direito a uma temporada com seis episódios que se preveem repletos de incerteza no que ao futuro concerne. A avaliação final é positiva, dada a complexidade comunicativa nos quesitos técnicos. O ponto chave a limar é, de facto, a ausência de uma postura mais elucidada por parte do ator Stephan Kampwirth do ponto de vista da clareza comunicacional.

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