Fátima Felgueiras: a presidente condenada, libertada e reeleita

Maria de Fátima da Cunha Felgueiras Almeida, conhecida como Fátima Felgueiras, é uma política portuguesa, ex-presidente da Câmara de Felgueiras e acusada formalmente de 28 crimes no processo “saco azul”. Devido às acusações estava no Brasil desde 2003 e quando regressou foi detida de imediato, contudo acabou por sair em liberdade e foi reeleita na Câmara Municipal.

Por Beatriz Guerra

Nascida a 21 de abril de 1954, no Brasil, regressou para Portugal ainda com quatro anos. A sua escolaridade passou pelo Externato Dom Henrique, em Guimarães e pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra onde realizou a licenciatura de Filologia Germânica. Mais tarde, a sua carreira profissional iniciou-se como professora do Ensino Secundário.

Filiada ao Partido Socialista, principiou-se na política como vereadora na Câmara de Felgueiras e mais tarde, em 1995, conquistou o cargo de presidente da autarquia. Ao mesmo tempo, presidia a Assembleia-geral do Futebol Clube de Felgueiras.

No final do ano de 1999, o Procurador-Geral da Repúblico, Cunha Rodrigues, recebeu um documento anónimo que revelava corrupção ativa e passiva entre o FC Felgueiras e a Câmara Municipal. Após esta denúncia, em março de 2000 a autarca foi constituída arguida, contudo negou qualquer ato ilegal durante o seu mandato. Apesar dos contratempos, em 2001 a população de felgueiras votou na Fátima Felgueiras que acabou por ser reeleita com maioria absoluta.

Com o decorrer dos anos, o processo “saco azul” teve a envolvência dos maiores órgãos de comunicação social e, em março de 2005, o Tribunal de Instrução de Guimarães acusou Fátima Felgueiras de 23 crimes, que não teve outra opção senão fugir para o país onde nasceu. Contudo, em julho de 2009, o Tribunal de Felgueiras absolveu a ex-presidente de todos os crimes que era acusada. Apesar desta decisão, os juízes concluíram que não foi provado em tribunal que os subsídios que foram enviados para o clube tenham sido gastos em despesas da equipa profissional.

Finalmente em 2011, dos 28 crimes que inicialmente foi acusada, apenas foi condenada por três, sendo dois considerados prescritos e um não-provado. Mais de sete anos a ser acusada pelo Ministério Publico, Fátima Felgueiras acabou por ser absolvida de todas as acusações e de três nos de prisão, com pena suspensa.

Recentemente, em 2021, numa entrevista no programa “Goucha”, a ex-autarca falou sobre o período em que esteve acusada de vários crimes e admite que a forma como foi tratada revela “uma tremenda monstruosidade”.

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