Santos Populares. Figueira de Lorvão em festa antes do São João

“As nossas marchas

Bonitas de encantar

Festejam o padroeiro

Que no vem abençoar,

Vamos cantar e dançar com alegria, Que a marcha é nossa e de toda a Freguesia”.

Reportagem de Adriana Silva

É ao som da música alusiva às marchas da Freguesia de Figueira de Lorvão, freguesia do concelho de Penacova, distrito de Coimbra, que entra e desfila, no largo da igreja, com as fatiotas cheias de cor e brilhos, a população marchante. É na freguesia que, nos dias 17, 18 e 19 de junho se comemora a VIII Festa Popular. A iniciativa acontece há 8 anos e antecede o fim de semana das Festas do São João, também comemoradas na aldeia.

Esta festa, bem como todas as festas populares do concelho, contribui para a união das populações e “tem uma ação muito importante porque, depois de dois anos de pandemia, em que as pessoas estiveram muito retraídas e faltou muito o convívio” retomaram a normalidade dos pares, palavras do atual presidente da Câmara de Penacova, Álvaro Coimbra, que marcou presença na abertura das festas e das tasquinhas.

Inauguração das festas

Foram vários os intervenientes para a organização e realização desta festividade, nomeadamente, os membros da Junta de Freguesia de Figueira de Lorvão, que eram um dos principais patrocinadores do convívio, todas as Associações convidadas e grupos de colaboradores das tasquinhas, as entidades de staff e toda a produção e, não menos importante, a população. Também o Centro Social de Bem Estar de Figueira de Lorvão – Associação de Solidariedade Social, com estatuto de Instituição Particular de Solidariedade Social de utilidade publica – patrocinou este evento, juntamente com o Município de Penacova e a PenaEventus.

O cartaz foi colocado em vários pontos de estratégicos de referência das aldeias vizinhas e divulgado nas redes sociais Facebook e Instagram, composto por um grupo de Gaiteiros encarregues de animar o largo do recinto durante as manhãs e durante as tardes, nos três dias, atuações de vários grupos de danças, ginástica acrobática, hip hop e não esquecendo os grupos de danças e cantares – ranchos folclóricos e marchas. Não ficaram de lado as bandas nem os Dj´s que deixaram as noites de sexta e sábado, em Figueira de Lorvão, “ao rubro”.

Tasquinhas, petiscos e animação

No decorrer do dia 16 de junho, quinta-feira, as várias associações começaram com os preparativos das respetivas tasquinhas, alugadas pela empresa PenaEventus, em prol de uma boa apresentação das mesmas. Cada coletividade é responsável pela gestão da sua “barraca”, quer a nível de produtos vendidos, quer do número de ajudantes que pretende ter, tendo em conta o tempo que se encontram em funcionamento e abertas ao público.

“Aqui organizamos-mos por equipas de três ou quatro elementos. Somos um grupo de jovens, consideravelmente grande o que permite uma gestão assim mais intercalada. As escalas estão feitas para que cada grupo trabalhe duas horas e consiga aproveitar e desfrutar da festa. Na nossa barraca servimos essencialmente doces, petiscos e bebidas. Temos também as refeições que são o que mais trabalho nos dá. Nas horas de almoço e jantar, que é quando o movimento aumenta, as equipas acabam por se ajudar umas às outras”, explica Bruna Silva, colaboradora da Tasquinha do C.S.C.D.G (Centro Social, Cultural e Desportivo da Granja).

Fábio Pimpão, cozinheiro desta associação, embora não revele o seu segredo na cozinha, sugeriu que para um bom molho de bifanas “o essencial é colocar em primeiro o azeite, depois de colocar o lume brando. Em seguida coloca-se o alho, cortado às rodelas, o louro que é também muito importante, vinho branco, piripiri, cerveja e sal”. Mais importante ainda refere, é “deixar o molho tomar o gosto”.

Toda esta logística de servir refeições nas tasquinhas requer outras preocupações aos membros organizados. A colocação das mesas num espaço assim destinado a cada barraca é um dos exemplos. “A organização das equipas nos momentos da recolha dos pedidos dos clientes, é bastante importante. Com a confusão que se gera em torno da barraca, é necessário não escapar nada para que os clientes fiquem satisfeitos e voltem”, conclui Bruna Silva, de avental já colocado à cinta e com um sorriso ao ver a tasquinha cheia de clientes.

Durante o fim-de-semana, o bom tempo colaborou, o céu azul e o sol permitiram que a animação começasse cedo em Figueira de Lorvão. Durante todo o dia a música esteve presente no recinto da festa, com os Gaiteiros, um grupo de três elementos, que tocaram caixa, bombo e gaita de foles. A população concentrou-se no largo do recinto, logo desde o final da hora do almoço. As mesas ficaram cheias e as cadeiras vazias eram cada vez menos. Os estacionamentos, por volta das 15h00, começaram a ficar escassos e distanciados do recinto ainda que, nunca tenha sido isso um motivo de impedimento da deslocação da população até ao festival.

Juntamente com o pôr do sol vieram as primeiras atuações da noite de sexta-feira. Os grupos de dança Smile CREW e Rise CREW estrearam o palco principal e os seus espetáculos trouxeram consigo os mais pequenos, com idades entre os 4 e os 6 e entre os 7 e os 10. As crianças com idades inferiores a 18 anos estavam inseridas noutro dos grupos de danças e as mais velhas já dançavam em conjunto com os adultos.  

Já mais tarde, deram continuidade aos shows do palco o grupo de Ginástica Acrobática e sucessivamente o Dj da noite, que iniciou com a música perto da 00:00h.

Álvaro Coimbra realçou a importância deste tipo de festas para as próprias entidades, que têm como principal intuito animar estes eventos. “Durante dois anos perderam receitas porque não puderam ensaiar, não puderam abrir as suas instalações, não puderam fazer espetáculos e agora com a retoma destas festas podem, para além de ter a sua tasquinha, caso assim o entendam, podem sempre fazer alguma receita e assim faturar”, salientou o autarca.

Samba Kappa foi uma das bandas que animou Figueira de Lorvão na noite de sábado. O principal destaque foi Quina Barreiros, que era aguardada pelo público desde o início da noite e foi recebida com um forte aplauso. A frente principal do palco encheu-se de pares, que dançavam desde o início da atuação. “Nem mesmo com alguns chuviscos, que vieram tentar estragar a festa, as pessoas arredam pé”, constatou Manuela Simões, enquanto dançava junto da barraca. “As saudades disto já eram muitas, há oito anos que nunca falhei a umas Tasquinhas”, acrescentou. Já para Francisco Daniel, um jovem de 24 anos,  “a melhor parte é a cerveja que está fresquinha”.

Com a chegada do último dia, chegou também a tristeza no olhar da população que queria festa a semana toda. No final do dia os colaboradores das tasquinhas começaram a arrumar os pertences para que ficasse tudo como encontraram. “Foram tantos dias a pensar e a preparar tudo e parece que passou a correr”, disse Bruna Silva, que se despediu da tasquinha da sua associação, mas não das festas: “o que vale é que para a semana há São João em Figueira de Lorvão”.

“Há festa na aldeia” vai continuar

As festas nas aldeias do concelho de Penacova continuam durante todo o verão, tal como assegurou Álvaro Coimbra. “Nós, no município, temos um programa que começámos a pôr em prática há um mês atrás que é o “Há festa na aldeia”, em que o objetivo é descentralizar a oferta cultural, ou seja, nas aldeias onde praticamente nada acontece, excetuando as festas anuais, nós estamos a levar uma oferta cultural traduzida em espetáculos com grupos do nosso concelho”, explicou o presidente da Câmara Municipal de Penacova, garantindo que o objetivo desta programa, é “cruzar as aldeias com os grupos dos vários extremos do concelho”. 

“Há festa na aldeia” vai decorrer durante todo o verão e conta, exclusivamente, com a organização do Município de Penacova, ainda que seja requisitada uma ajuda às Juntas de Freguesias, por uma questão de “apoio logístico”, salvaguardou o autarca, que convida toda a população a continuar a acompanhar as festas populares e todo este novo programa.

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