Naval Remo continua a remar contra os desafios dentro e fora de água

Em 2018, com a tempestade Leslie, que afetou uma parte do território nacional, as instalações do Naval Clube de Remo ficaram totalmente destruídas, levando assim a que este perdesse a possibilidade de funcionar com normalidade. Após a sua reconstrução, o espaço continua sem data oficial de inauguração devido à pandemia da COVID-19, que não permite que este marco na história se assinale de forma devida.

Texto de Tânia Chaves, Marco Sousa e Wilson Costa

Áudio de Ana Raquel Lages, Carlos Coelho, Mariana Loureiro e Tatiana Ferreira

Nélson Silva, presidente do clube, afirma que “não foi nada fácil” em 2018, após a tempestade e houve a necessidade de se fazer “uma travessia, que foi quase a travessia do deserto, durante um ano e meio.” A reconstrução das instalações apenas foi possível com o esforço de toda a equipa, incluindo os familiares dos atletas e a direção, sendo a Câmara Municipal da Figueira da Foz o grande aliado do clube, que disponibilizou desde logo um espaço para os atletas continuarem os seus treinos. A autarquia disponibilizou ainda verbas financeiras, que permitiram que a reconstrução se iniciasse de uma forma mais breve, uma vez que todo o processo burocrático estaria atrasado, afirma o presidente. Além disso, Nélson Silva declara que foi “uma luta contra o tempo. “Os primeiros trabalhos foram feitos por nós e começamos em outubro de 2019”, acrescenta, tendo estes terminado seis meses depois.

Da reconstrução ao combate da pandemia da COVID-19

Após todos estes trabalhos de reconstrução, eis que outro desafio se colocou no caminho da Naval, a pandemia COVID-19, que veio condicionar novamente o funcionamento, vendo assim toda a sua atividade limitada.

Com o surgimento da pandemia, o clube intensificou as medidas de segurança contra a COVID-19, “de modo a garantir a segurança dos atletas e dos familiares” que frequentam o espaço”. Neste tempo de confinamento, a Naval Clube de Remo mantém a sua atividade, ainda que de uma forma condicionada, graças a uma exceção prevista na lei, que prevê a possibilidade de serem praticados desportos aquáticos individuais. “Tivemos que tomar medidas muito apertadas internamente, fechámos os balneários, os atletas chegam vão para o barco, treinam, saem do barco e vão para casa, não ficam aqui a socializar, algo que faz falta aos atletas, uma vez que aproveitavam este tempo para desanuviar”, conta Nelson Silva.

Apesar de reconhecer que a socialização é algo que faz falta aos seus atletas, pois muitos deles encontram um refúgio nos companheiros de equipa, partilhando, por exemplo, problemas pessoais e familiares. Contudo, o clube, de uma forma cuidada, tenta fornecer esse apoio aos atletas de uma forma segura.

Mantendo ainda contacto com alguns atletas de forma regular, nomeadamente com os que se encontram num caminho de maior responsabilidade. Há um grupo de atletas que treinam para chegar à seleção nacional, já os mais jovens passaram, apenas a treinar via online. O presidente diz ainda que permanecerem “muito tempo assim a tendência é as pessoas, afastarem-se”.

A importância da motivação dos atletas em tempos de pandemia

De modo a evitar o afastamento, José Canhola, um dos treinadores da Naval Remo, repara que é necessário ser bastante criativo para que os atletas se mantenham motivados para o treino e diz ser essencial “muitas das vezes pensar como um atleta e não como treinador”.

O clube desenvolveu várias estratégias de forma a manter os jovens motivados, embora reconheça que aqueles que estejam a concorrer à Seleção Nacional sejam mais fácies de motivar. “Um atleta que esteja motivado, é mais fácil de treinar, um treinador que ache que mandar o plano e trocar umas mensagens com os atletas basta, está enganado”, afirma o treinador, concluindo ainda, que é necessário desenvolver técnicas para que cada atleta se mantenha ligado à instituição, e esteja preparado no momento em que for possível voltarem às competições.

Com um longo caminho já percorrido Clube Remo Naval, que nasceu em 1893, conta, neste momento, com 122 sócios, sendo que destes apenas 46 são federados e 88 praticam remo ainda que não de uma forma oficial. O clube tem a ambição de continuar ainda por largos anos a marcar a sua presença no remo nacional.

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