Millenials abrem portas ao empreendedorismo

A atitude empreendedora dos jovens portugueses volta a aumentar. Esta é uma das conclusões de um inquérito feito pelo Jornal Económico, que permitiu percebeu que 67% dos portugueses detêm um olhar positivo perante temáticas do empreendedorismo. A maioria destes são os chamados “millenials”, jovens menores de 35 anos, que se mostram com mais vontade de desenvolver o seu próprio negócio. E é mesmo esse o caso de Ana Filipa Silva, de 25 anos, que em 2017 criou a sua própria marca “Ó Sirigaita”, e também o das irmãs Valentina e Vitória Costa Rodrigues que apenas com 17 anos desenharam uma coleção para o Portugal Fashion.

Foi no ano de 2017 que Ana Filipa Silva decidiu que estava na hora de iniciar o projeto com que sempre sonhou: ter a sua própria marca de roupa, tanto online como física. Foi nesse momento que nasceu a “Ó Sirigaita”. No entanto, apesar de o mundo da moda sempre a ter deslumbrado, confessa que “antes de iniciar o projeto fiz uma análise de mercado e senti que poderia ter algo de bom a oferecer a Viseu nesta área”.

A jovem criadora da marca “Ó Sirigaita”, admite que como o projeto que tem em mãos é um produto e não um serviço, sabe que o seu investimento no mesmo é de valores muito elevados e, portanto, o seu objetivo neste momento “é dar crescimento à marca”, e para isso afirma que “é necessário muito tempo. Pois existem sempre momentos menos bons”.

Também Ana Filipa considera que o empreendedorismo jovem na moda “é uma área com cada vez mais oferta”, pois “há imensas pessoas com gosto pela moda e com o bichinho do empreendedorismo”, assegura. A convicção por parte da empreendedora é que o crescimento nos próximos anos na criação de projetos seja ainda maior.

Questionada acerca do futuro da empresa, a fundadora afirma que “estou envolvida em vários projetos que quero ver realizados nos próximos anos. Não só na área da moda como também noutras áreas que a empresa atua”.

Para aqueles que futuramente decidam envolver-se neste mundo do empreendedorismo e criar os seus próprios projetos, o conselho de Ana Filipa é “analisar bem o mercado onde querem atuar, assim como o público que querem atingir, ser persistentes e acima de tudo consistentes”, pois para ela “o maior segredo é nunca desistir”.

 

 

17 anos de sonho

Valentina e Vitória Costa Rodrigues são mais duas jovens empreendedoras que têm agora 21 anos, são irmãs gémeas e são de Santa Maria da Feira, no distrito do Porto. Com apenas 17 anos desenharam uma coleção para o Portugal Fashion. Desde sempre que se vestem de igual e cativam qualquer um com a sua simpatia. O grande foco de ambas é a sua formação na medida em que querem ser reconhecidas pela qualidade do seu trabalho. A sua grande paixão é a moda, os detalhes e os pormenores das peças que desenham, e daí surgiu a sua marca: VCR. Cada uma delas conta com cerca de 22 mil seguidores no Instagram, o que lhes assegura uma maior visibilidade dos seus produtos e leva a sua marca/projeto além fronteiras.

O mundo do empreendedorismo não é propriamente uma novidade para as irmãs porque, até ao momento Valentina e Vitória têm “de vestuário três coleções, sendo que uma dela já desfilou no Bloom-Portugal Fashion, e de calçado três também”, afirmam.

As duas irmãs desde pequenas sonharam e ambicionaram muito aquilo que queriam seguir e “o mundo da moda sempre nos fascinou, quando eramos mais novas calçávamos os sapatos da nossa mãe e escolhíamos a roupa para as nossas amigas”, afirmam. E por isso confessam que “sempre tivemos este espírito criativo e fashion”.

Contrariamente a Ana Filipa que escolheu criar um projeto de moda centrado na roupa, as irmãs gémeas escolheram também apostar na área do calçado (apesar de já terem tido também uma coleção de roupa) porque, segundo elas “a área do calçado é um setor que está a crescer imenso. E cada vez mais achamos que uma coleção de roupa sem sapatos não tem qualquer lógica”.

As jovens empreendedoras encontram-se a frequentar o curso superior técnico de design de calçado e após finalizarem o mesmo, o objetivo de ambas a longo prazo passa por “estabelecermos no mercado nacional e internacional a nossa marca VCR”, admitem.

Para elas todas as suas coleções desenvolvidas até à data foi algo que lhes deu muito prazer, motivação e “deixam-nos sempre histórias para contar”, confessam. Mas há uma que até hoje as marcou mais que foi “a coleção tauromáquica”, pois foi desfilada no Portugal Fashion e “vermos todo aquele trabalho árduo a ser resumido em 10 minutos e recebermos todo aquele feedback positivo, satisfez-nos imenso”.

Desde sempre que as duas gémeas foram muito ligadas e partilharam os mesmos objetivos e para elas, “o facto de haver uma ligação próxima entre nós é um ponto de partida para a criação dos nossos produtos”.

A grande paixão das duas jovens empreendedoras é a marca que juntas criaram e deram asas, e por isso consideram que o que distingue esta marca das outras é que “através da nossa marca são produzidas peças bastantes exclusivas e únicas com o toque requintado, bastante detalhado e sofisticado. O perfil da marca espelha a nossa personalidade, pois somos umas pessoas fortes, vincadas a nível de atitude, e as peças VCR transmitem isso ao público. Um dos grandes fatores de diferenciação que se encontra nesta marca é a qualidade dos tecidos, por existir boa resistência e durabilidade e o pormenor das peças”, garantem.

Neste momento a sua marca ainda está apenas em formato online, no entanto, “para encomendas mais exclusivas temos um atelier que fica em nossa casa, Santa Maria da Feira, onde desenvolvemos toda a parte criativa”, asseguram as irmãs.

Apesar de já terem um longo caminho percorrido, as duas gémeas têm ainda um grande sonho em comum que segundo elas é “sermos reconhecidas pelo nosso trabalho com a marca VCR e levar Portugal cada vez mais longe nestas áreas”.

 

Apoios ao empreendedorismo jovem em Portugal

O crescimento do empreendedorismo jovem em Portugal teve um crescimento favorável nos últimos e espera-se que seja para continuar. Uma das coisas que contribuiu para isso e pretende continuar a ajudar são os apoios prestados em empreendedorismo jovem, para que os mesmos possam tirar partido das suas capacidades, de maneira a vingarem no mundo profissional com as suas próprias empresas e marcas. A lista de apoios prestados é bastante benéfica e conta com 5 iniciativas.

A primeira é o programa “Empreende já” que foi criado para que seja fomentada uma cultura focada na criatividade entre os jovens, de maneira a que sejam desenvolvidas empresas feitas por e para jovens. A “Garantia Jovem”, é mais um dos apoios ao empreendedorismo jovem que surge como resposta direta ao desemprego. O objetivo desta iniciativa destina-se a apoiar jovens acabados de sair do sistema de ensino.

A somar aos apoios ao empreendedorismo jovem surge a “Inova”, que aposta na criatividade e inovação e pretende fomentar o espírito crítico no que toca a detetar oportunidades de negócio. A “Financia Jovem”, facilita aos jovens o acesso a um crédito de 25.000 mil euros. Os setores de preferência desta iniciativa são: industrial, energético, comercial e serviços.

Por último, a Rede de Perceção e Gestão de Negócios (RPGN) é mais um dos apoios ao empreendedorismo jovem que incide fortemente na inovação, visto que proporciona a jovens selecionados pelas suas capacidades e também como apoio financeiro para desenvolvimento de projetos de empreendedorismo. Este programa destina-se a jovens entre os 16 e os 30 anos, desempregados ou candidatos a 1o emprego.

Para além da criação de todos estes programas que incentivam ao aumento do empreendedorismo por parte dos mais jovens, a Comissão Europeia atenta a esta realidade e consciente de que Portugal se está cada vez mais a tornar um país de empreendedores, “preocupou-se em desenvolver o projeto ‘Bolsa do Empreendedorismo’, que promove uma cultura empreendedora e qualificada através de uma forte componente formativa”, segundo o Jornal Público.

A “Bolsa do Empreendedorismo”, não é apenas um concurso de ideias, pois o objetivo desta iniciativa é ajuda os bons projetos a chegar ao mercado.

Nem a “Ó Sirigaita”, nem a “VCR” usufruíram de programas de incentivo ao empreendedorismo, no entanto ambas as marcas acreditam que “é uma mais valia para Portugal este tipo de iniciativas”.

 

Reportagem: Ana Rita Paiva

Imagens: DR

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