Catarina Martins, a subestimada vencedora

Catarina Soares Martins, a subestimada e irreverente coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, nasceu no Porto a 7 de setembro de 1973. A atriz e deputada portuguesa fez a antiga primeira classe em S. Tomé e mais tarde, com o apoio dos seus pais, foi para Coimbra para iniciar a sua licenciatura em Direito.

Rapidamente se mudou para um mundo completamente novo e integrou o Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC). Foi nessa mudança que Catarina Martins conhece o ator Nuno Cardoso, que numa entrevista à Visão afirma: “a recordação que tenho da Catarina é que sempre foi uma força da natureza. Determinada. Uma lutadora”.

A sensibilidade social da ex-atriz e a sua promessa de “frescura e criatividade” rapidamente a colocaram no mundo político. Havia um certo ceticismo dentro do Bloco de Esquerda em relação à deputada, que não era vista como uma figura determinante. Apesar deste entrave, Catarina Martins conquistou o próprio partido e ganhou confiança e credibilidade dentro do mesmo. A sua primeira candidatura ao Parlamento acontece em 2005, sem sucesso. Quatro anos mais tarde é eleita pela primeira vez, na altura ainda como independente.

Filha de antigos militantes do PCP e de ativistas de diversas organizações na esquerda radical, Catarina é depositária de uma herança familiar que involuntariamente a marcou para sempre.

Embora a política fizesse parte da vida familiar, nem todos seguiram a mesma linha partidária. Talvez tenha vindo daí a capacidade para negociar e criar consensos, o que lhe permitiu dividir a liderança bicéfala do partido, com João Semedo, entre 2012 e 2014.

Jorge Costa, um dos dirigentes do Bloco de Esquerda, admite que o facto de Catarina Martins se ter tornado a porta-voz do partido lhe permitiu brilhar, “demoliu uma certa condescendência, entre o paternalista e o machista, que havia por ser mulher.”

Uma das deputadas seniores do grupo parlamentar, Mariana Aiveca, afirma: “A Catarina era muito discreta, mas fez um percurso sustentado. Inicialmente, perante o público, tinha altos e baixos. Reagia mais a quente. Depois foi ganhando endurance, amadureceu. Hoje transmite muita serenidade e robustez.”

Catarina Martins tem deixado o seu legado e a sua irreverência, não só no Parlamento, mas também em todo o país. Agora, aos 44 anos representa um dos partidos que garantiu o apoio parlamentar para que os socialistas formassem governo em 2015.

 

Texto: Daniela Parente

Imagem: Esquerda.net

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