“O curso não te ensina a trabalhar, ensina-te a teres confiança e ferramentas para não teres medo de falhar”

Ex-aluno da Escola Superior de Educação de Viseu, atualmente produtor de conteúdos no programa Goucha, gosta de falar com pessoas e nesta conversa dá alguns conselhos inspiradores de como ter sucesso em Comunicação Social.

Entrevista conduzida por: Beatriz Costa, Constança Almeida, Daniela Manso, Flávio Fialho, Tomás Quinteiro

Quais foram os motivos que te levaram a escolher o curso de comunicação social? (porquê na ESEV?)

Boa questão, principalmente por ser um tema que me acompanha ainda hoje. A pressão de decidir o que queremos fazer no futuro fundiu-se com a vontade de escrever, falar e comunicar com outras pessoas. Foi ‘um tiro no escuro’, que até aos dias de hoje, tem-se revelado certeiro. Porquê ESEV? Juntar o útil ao agradável: tive boas referências sobre a instituição e tinha a oportunidade de estudar na minha cidade, algo raro para a maioria dos estudantes, uma vez que existe uma concentração na capital e na cidade universitária, Coimbra.

O que achas dos três anos de curso? Achaste tempo suficiente?

Foram, sem qualquer tipo de dúvida, os melhores anos da minha vida. Academicamente falando, acho que será o relevante para este tema, foram suficientes, mas não decisivos. Sem dúvida que três anos de curso oferecem bases essenciais para o nosso futuro profissional, mas está longe de definir alguma coisa. Com a experiência que fui ganhando ao longo destes anos, consigo afirmar que o curso de Comunicação Social na ESEV, comparativamente com outros no país, é dos mais completos e práticos que existem. Isso não significa que não precise de ser mais. É importante implementar um plano mais prático no programa e mais próximo do que é a realidade de trabalho na área da comunicação, seja essa televisão ou outra.

Como é que no fim do curso chegaste à conclusão que querias estar atrás das câmaras?

Acho que essa conclusão é bastante mutável, pelo menos por agora. Tive a oportunidade, posteriormente ao estágio, de tirar um Curso de Especialização de Apresentador de Televisão e Rádio, o que veio baralhar um pouco as contas. É certo que tanto no estágio curricular como sendo profissional da área, o meu papel passou por estar atrás das câmaras, mas não significa que seja assim para sempre. Depois do curso, percebemos que existem tantas outras coisas que desconhecíamos e que tudo é válido, desde que haja vontade de aprender. Atrás das câmaras é onde a obra-prima nasce e é desenvolvida até ser apresentado o resultado final, e isso encanta-me, mas é ingrato, porque lá em casa, só aparece uma pequena percentagem do que foi feito, mas parece que é assim que funciona: ‘a magia da televisão’.

Qual foi o impacto na transição do fim da licenciatura para o mercado de trabalho?

O impacto é gigante, apesar de ter recebido vários conselhos de alguns professores, que guardo até hoje. Mesmo tendo tido o maior acompanhamento possível por parte dos docentes da ESEV, não chegou para o choque de realidade e para a competição no meio. O problema mantém-se: muita procura, pouca oferta. E a solução continua a ser a mesma: trabalho, foco, contactos e sorte (que também é trabalhada). É um cliché básico, mas real, se ficares sentado à espera que as coisas aconteçam, mais vale mudares de curso. Insistir e persistir é o segredo, mais cedo ou mais tarde, a oportunidade irá aparecer e depois é mostrar o que podes oferecer, o teu potencial. Trabalhar o teu lado comercial, as tuas relações profissionais para que continues na competição. Lembra-te: ‘tu és uma marca’ e tens que saber estar no mercado. Vocês já ouviram isso nas aulas, se não ouviram, desculpe professora/professor, antecipei-me.

Soubemos que já trabalhaste em alguns projetos de televisão, nomeadamente ‘Quem Quer Ser Milionário’, ‘Goucha’… Qual destes projetos gostaste mais ou te sentiste mais realizado a fazer?

São projetos diferentes, mas gostei muito dos dois. Depois do meu estágio no online do Correio da Manhã, percebi que o meu caminho teria que passar pelo entretenimento. O ‘Quem Quer Ser Milionário’ foi bastante dinâmico e descontraído. Além disso, tive a sorte de conseguir estar em ‘duas frentes’: conteúdos e produção. Experimentei coisas novas e, sem dúvida, que me deu alguma ‘estaleca’. O ‘Goucha’, onde já faço parte da equipa há cerca de três anos, é totalmente diferente, mas igualmente gratificante. Sem dúvida nenhuma que estando na equipa de conteúdos de um programa de ‘Day Time’, é uma rampa de lançamento gigante como profissional. Posso afirmar, pela minha experiência e de profissionais com 20 anos de televisão, que fazer um programa diário com histórias de vida, altamente densas e complexas, é dos projetos mais desafiantes e completos que existem. Sinto que me tornei profissional aqui, rodeado de profissionais extremamente competentes e disponíveis em ensinar. Como disse no início gosto de falar com pessoas e aqui é local perfeito para o fazer, portanto acho que terei de escolher o ‘Goucha’.

E como licenciado em CS e com alguma experiência, qual ou quais seriam os principais conselhos a dar aos alunos de 1º ano de comunicação social.

É importante realçar que cada caso é um caso. Todos são diferentes, bem como os caminhos de cada um. Conselhos? Não coloques tanta pressão em ti, não tenhas pressa de conquistar tudo em tão pouco tempo. Não existem timings perfeitos, não coloques um prazo de validade nos teus objetivos. As coisas vão acabar por aparecer e, aí sim, depende de ti aproveitares isso. Se não souberes o ramo que queres seguir, está tudo bem e é normal, ainda não experimentaste, como é que poderás saber? O curso não te ensina a trabalhar, ensina-te a teres confiança e ferramentas para não teres medo de falhar. Vai correr tudo bem!

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