“Felizmente o desporto está na moda”

Está comprovado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que a pratica desportiva contribui para um estilo de vida saudável, aliada a vantagens físicas e mentais e há mesmo quem considere que o desporto também assume vantagens sociais, como é o caso de Orlandina Fernandes, treinadora de futebol, que afirma que o desporto “para além de ser uma atividade de lazer e complementar à escola, tem a capacidade de tornar as pessoas mais autónomas quer a nível pessoal quer a nível social.”

Reportagem de Joana Arouca

Devido à pandemia da Covid-19, o setor do desporto foi dos mais afetados. Muitos atletas e praticantes foram obrigados a parar, como é o caso de Inês Santos, atleta federada de andebol, que viu os jogos e treinados serem cancelados numa altura em que os contactos físicos eram impensáveis. Mais tarde, com a reabertura parcial dos treinos, a jovem admite: “o facto de só poder treinar e não jogar desmotivou-me e acabei por desistir”. Tal como Inês Santos, muitos atletas optaram por interromper a prática de exercício, o que levou a um aumento de sedentarismo preocupante.

A OMS afirma que se a população global fosse mais ativa poderiam ser evitadas até 5 milhões de mortes por ano. Segundo a Fundação Portuguesa de Cardiologia, Portugal é dos países da Europa com menor índice de atividade física e estima-se que mais de 40% dos adultos apresentam níveis de atividade abaixo do que é considerado recomendado para a saúde.

Um dos meios para contrariar esta tendência, segundo João Fernandes, personal trainner, seria um “maior apoio por parte do estado às instituições desportivas, desde logo, na mudança do Imposto para saúde”. O profissional defende ainda a adopção, nas escolas e em casa, de “uma postura de incentivo à atividade física, de forma a que as próximas gerações venham a ter hábitos de vida diferentes”.

João Paulo Rebelo, ex-secretário de estado da juventude e do desporto, partilha da mesma opinião, ao afirmar que teve como objetivo “reforçar o desporto escolar”, aproveitando o facto de a secretaria de estado do desporto e da juventude estar na tutela do Ministério da Educação.

Porquê praticar desporto?

São muitas as formas de prevenir o sedentarismo, desde a criação de metas, ao planeamento de rotinas, passando pela procura de exercícios do interesse individual de cada um. Para além disto, uma das medidas mais importantes no combate a qualquer causa é a comunicação. Carolina Pereira, fisioterapeuta e treinadora de patinagem artística revela que “a comunicação e sensibilização é uma das ferramentas mais importantes para que o desporto seja praticado”.

A nível psicológico, são várias as vantagens que o desporto oferece, tal como diz Ivone Moreira, psicóloga e formadora de profissão. A profissional admite que incentiva os seus doentes a praticarem desporto por uma questão de bem-estar: “recomendo sempre aos meus utentes a prática de atividade física, pois estimula algumas capacidades mentais e ajuda a diminuir o stress e a ansiedade. Para além disto, se uma pessoa se sentir bem com a sua fisionomia vai sentir-se consequentemente bem psicologicamente”.

Saúde, amizade e aumento de confiança são os motivos pelos quais, João Moreira, atual guarda-redes da equipa de futebol da Associação Recreativa de Tuías, diz praticar futebol já há 23 anos. O atleta revela ainda que é “por gosto e vontade de aprender” que se dedica tanto a este desporto.

Mariana Pereira, estudante do 1.º ano de arquitetura, pratica patinagem artística há 17 anos na Academia de Patinagem do Marco de Canaveses e confessa que o mais importante é que cada um deve praticar o desporto que melhor o faz sentir. No que diz respeito à importância do desporto na sua vida, a jovem admite sentir “paz interior” toda a vez que pratica.

Por sua vez, Rui Barros, atleta de futebol federado desde os 7 anos de idade, conta que joga pelo gosto e também para manter uma vida mais saudável. Um dos aspetos que lamenta, deve-se ao facto de sentir que o desporto “não ser uma preferência na sociedade” e de as crianças se dedicarem mais ao mundo virtual do que a atividades desportivas.

Rui Barros e Miguel Moreira

Adão Moura, distribuidor de profissão, atual capitão da equipa de futebol do Grupo Desportivo e Recreativo de Soalhães, admite que a pratica desportiva para ele é uma forma de conviver: “a razão pela qual pratico é o bem-estar emocional, saúde, convívio e pelo desafio de me tentar superar a mim mesmo”.

150 minutos de atividade moderada por semana

A regularidade é essencial para obter resultados, mas o número de horas a dedicar à prática de desporto é relativo. João Fernandes diz no mínimo serem precisos 3 meses. Filipe Cabral, médico de clínica geral e familiar especializado em medicina desportiva, revela ser preciso “pelo menos 150 minutos de atividade moderada por semana ou 75 minutos de atividade intensa por semana”. Já Orlandina Fernandes diz depender da pessoa, dos objetivos, do tempo e da forma como prática o exercício ou o desporto em questão.

Em relação ao lugar que o desporto ocupa na sociedade, Miguel Moreira, atleta de futebol federado, diz: “felizmente o desporto está na moda e cada vez mais se vê um maior número de pessoas a praticar exercício físico”.  Vanessa Magalhães, professora de educação física e agente da PSP, acrescenta: “além de nos últimos anos a sociedade está mais aberta ao desporto ainda assim é pouca a procura dos profissionais de desporto para o fazer. Mas a estimativa é para melhor e o desporto vai ficar num lugar de pódio na sociedade”.

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