A ascensão política do Chega: Democracia em risco?

Cerca de um ano após ter sido criado e ter conseguido eleger um deputado, o Chega aparece nas urnas como a terceira força política no espectro parlamentar. André Ventura surge em segundo lugar nas intenções para as eleições presidenciais.

Por Ricardo Rodrigues

Foi uma decisão solitária a criação do Partido Chega por parte de André Ventura. Foi nas autárquicas de 2017 que surpreendeu todos com as suas declarações contra os ciganos, em que consequentemente o partido pelo qual tinha concorrido tenha mostrado o seu desagrado publicamente.

Pedro Passos Coelho, ao contrário do CDS, não lhe retirou o apoio, mas levou a que vozes sociais-democratas insurgissem contra ele. Em declarações relativas a este momento, André Ventura admite que sentiu que “uma grande parte do partido, para não dizer a maioria, não se revia no meu modelo de pensamento em matérias de relação com as minorias, de Estado de direito, e várias outras questões estruturantes”.

Em 2019 iriam realizar-se dois atos eleitorais (europeias e legislativas) e o político entendeu que “era o momento de criar essa rutura”. Continua esta declaração falando que “não foi o PSD que mudou”, pois “pensava que não estava mais integrado com o que pensava para o país”.

André Ventura afirmou que “o PSD havia-se mudado para a esquerda”. Pelo menos um certo centro do espectro político e que entendeu que não era onde o centro-direita deveria estar no século XXI. Por essa razão abandonou o partido.

Desde 2017 não travou. As polémicas, as notícias, as críticas… Os seus militantes foram rotulados como sendo de extrema direita, neonazis, radical, xenófobo, racista, homofóbico, entre outros. Defendendo a pena de prisão perpétua e a pena de morte, mais o impedimento da entrada de pessoas de etnia muçulmana, e criticando duramente as minorias em Portugal, dando maior foque na cigana, continua a conseguir cada vez mais seguidores e militantes.

André Ventura recusa ser classificado de racista e/ou homofóbico e vê as polémicas como uma tentativa pobre de esconder o crescimento exponencial do seu partido e acredita que nada o consegue travar.

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