Vamos, vamos Chape!

Um ano. Passou um ano desde o desastre aéreo que arrasou, quase na totalidade, com a comitiva da Chapecoense. 71 mortos e 6 sobreviventes. A epopeia de um clube “pequeno” que se vinha intrometendo no mundo dos “gigantes”, de tal modo que se tinha classificado para a sua primeira final da copa sul americana, foi abruptamente interrompida. Os festejos no balneário, aquando da classificação para esse final, foram tornados públicos pelos jogadores, onde estes entoavam um grito da “torcida” – vamos, vamos Chape. Jogadores, dirigentes e adeptos residiam no céu com o atual momento do clube. Porém, essa estadia foi efémera e descida ao inferno foi uma realidade num curto espaço de tempo.

No voo entre a Bolívia e a Colômbia, onde se realizaria a final frente ao Atlético Nacional, o avião despenhou-se. Com ele arruinaram-se, igualmente, o sonho de milhões, a alegria de milhares e as famílias de dezenas. Tudo muda numa fração de segundos, somos instantes.

Dos heróis que vinham escrevendo história sobreviveram Follman, Neto e Ruschel. Três valentes guerreiros que durante este ano ultrapassaram os fantasmas e voltaram a voar, superaram as adversidades e voltaram a pisar um tapete verdejante, inclusive Follmann que viu-lhe ser amputada uma perna. Os três jogadores são a bandeira de um clube reestruturado que, desportivamente falando, já se reergueu. Contra todas a previsões, conquistaram o Campeonato Catarinense no primeiro semestre de 2017 e qualificaram-se a Taça Sul-Americana de 2018.  O número de sócios disparou dos 9 mil para os 34 mil, alargando a sua área geográfica até ao Reino Unido. Num curto espaço de tempo, o clube recompôs-se do maior desastre aéreo do futebol mundial, mas as cicatrizes das famílias que perderam os seus “entes queridos” são eternas e tornam-se mais difíceis de sarar quando se verifica a total ausência de apoio.

“A Chapecoense já se refez. Tem novo guarda-redes, novo avançado, novo treinador… Agora, o pai do meu filho, esse não volta mais. Não admito ver tantas histórias serem interrompidas desta forma e ficar sem fazer nada.”

Muito já foi feito, mas continua muito por fazer. De Portugal para o céu, eu grito:

VAMOS, VAMOS CHAPE!!!

 

Texto: João Miguel Carvalho

Imagem: Wikipedia

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