Perfil. Pedro Nuno Santos o “durão”

Conhecido nos corredores socialistas pela sua frontalidade, Pedro Nuno Santos, 46 anos, é candidato à liderança do Partido Socialista. O seu percurso na política, muitas vezes controverso, começou a construir-se ainda na adolescência em São João da Madeira.

Por Carla Ferreira

Conhecido como o “durão” e muitas vezes apelidado de arrogante, Pedro Nuno de Oliveira Santos nasceu a 13 de abril de 1977 em São João da Madeira.

Neto de sapateiro, como gosta de referir nos seus discursos, é filho de Maria Augusta Leite de Oliveira Santos e de Américo Augusto dos Santos, empresário do ramo do calçado e equipamento industrial da sua cidade natal, e casado com Ana Catarina Gamboa Vaz, chefe do gabinete do Ministro do Ambiente e Ação Climática.

Licenciou-se em Economia no ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa. Foi presidente da Federação de Aveiro do Partido Socialista, exerceu o cargo de presidente da Assembleia de Freguesia de São João da Madeira, também membro da Direção da Associação de Estudantes do ISEG e membro do Senado da Universidade Técnica de Lisboa. Ainda foi presidente da Mesa da RGA – Reunião Geral dos Alunos do ISEG e Adjunto da Administração da TECMACAL, e ainda vereador pelo PS na Câmara Municipal de São João da Madeira e Secretário-geral da Juventude Socialista entre 2004 e 2008.

Chegou à Assembleia da República em 2005 como deputado eleito pelo distrito onde nasceu e foi eleito vice-presidente do grupo parlamentar mais tarde, onde já deixava a sua marca em 2011 ao afirmar que se estava “marimbando” para os credores internacionais que tinham emprestado dinheiro a Portugal.

Entre novembro de 2015 e fevereiro de 2019 exerceu as funções de Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares. Neste período, foi responsável pela coordenação da solução governativa designada de “geringonça” e que juntou o Partido Socialista, o Partido Comunista Português, o Bloco de Esquerda e o Partido Ecologista “Os Verdes”. Pedro Nuno Santos foi ainda Ministro das Infraestruturas e Habitação, cargo que exerceu entre 18 de fevereiro de 2019 e 4 de janeiro de 2023, data em que se demitiu na sequência da polémica indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis, por deixar o cargo de administradora executiva da TAP quando ainda tinha que cumprir funções durante dois anos.

Na época a frase por si proferida “Foi um prazer. Agora dêem-me descanso”, fez correr alguma tinta na comunicação social. De qualquer modo, durante o período no qual foi ministro fez uma aposta na ferrovia com investimentos realizados nesta área, nomeadamente, pelo plano de recuperação de carruagens e locomotivas, e foi um claro defensor da construção do novo aeroporto de Lisboa no Montijo, mesmo perante a oposição dos municípios do Seixal e da Moita, tendo na altura firmado ao Jornal Expresso que a lei que dava poder aos municípios devia ser alterada para contornar os pareceres negativos apresentados pelo Seixal e Moita.

Chegou inclusive a anunciar em 29 de junho de 2022 que o aeroporto seria construído no Montijo. No dia seguinte, o Primeiro Ministro anulou a decisão de Pedro Nuno Santos.

Como ministro esteve também na retaguarda do pacote de apoio de 3,2 milhões de euros à TAP no seguimento das dificuldades financeiras originadas pela epidemia de COVID-19.

Atualmente exerce as funções de Deputado na XII Legislatura desde 4 de julho de 2023 na Assembleia da República onde integra a Comissão de Assuntos Europeus e Comissão de Orçamento e Finanças. Pelo caminho foi ainda comentador televisivo na SIC Notícias entre outubro e novembro de 2023.

A 13 de novembro e, no seguimento da crise política portuguesa após demissão do Primeiro Ministro António Costa, avança com candidatura à liderança do Partido Socialista a qual recolhe o apoio de vários dirigentes do partido, entre os quais, o presidente Carlos César e, os vice-presidentes da bancada Porfírio Silva, Pedro Delgado Alves e Rui Lage.

Em entrevista à CNN Portugal afirma estar a postos para uma geringonça à esquerda caso vença as eleições, com o PSD a porta também não está fechada, apesar de considerar o partido mais radicalizado. O deputado refere ainda que a Operação Influencer está longe de terminar e que no futuro, caso venha a ser eleito, procurará garantir que a sua equipa será eticamente irrepreensível.

Reconhece também o legado deixado ao país por António Costa e que as polémicas do passado se traduziram em aprendizagem. Em relação ao seu adversário José Luís Carneiro, preferiu não dirigir ataques, até porque é importante mostrar união dentro do partido. Ainda durante a entrevista, esclareceu que não há pressas no processo de privatização da TAP previsto para 2024. Sobre o novo aeroporto mencionou que honrará o acordo que existe entre o PS e o PSD e que terá em conta a posição do relatório da comissão técnica independente.

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