“A ideologia do bom atleta de Jiu-Jitsu deve ser aplicada na vida”

Portugal assume posição de destaque, e de grande protagonismo no mundo do Jiu-Jitsu. A nível europeu, é considerado como o epicentro da modalidade, titulo atribuído pela própria IFBBJ (Internacional Brazilian Jiu-Jitsu Federation) o esplendor da modalidade a nível mundial.

Reportagem de Luís Gomes

É um desporto excelente para as crianças, ajuda a formar e solidificar um caracter forte, respeitador e determinado, permitindo assim que se saibam defender e venham a tornar-se em seres humanos preocupados com quem os rodeia, como explica Gabriel Nóbrega professor, faixa preta em Jiu-Jitsu e fundador da escola Gabriel Nóbrega Jiu-Jitsu Team “GNJJ”.

“No Jiu-Jitsu fazemos com que as crianças percebam e interiorizem o valor que têm, a força que têm em si próprios. Valorizamos a autoestima, dinamizados tudo aquilo que diz respeito a eles sentirem que são capazes, que conseguem lidar com frustrações, com receios e acima de tudo respeitarem os outros tal e qual como são”, afirma Gabriel Nóbrega.

Gabriel Nóbrega

Jiu-jitsu é uma arte marcial de base japonesa e Indiana, que foi adaptada por Hélio Gracie nos anos 30 do século passado. O principal desígnio desta arte marcial, também conhecida como arte suave, é dotar os mais fracos de competências, que lhes permitirão enfrentar semelhantes seus bem mais fortes, de forma a se defenderem.

O professor de 38 anos, natural do Brasil, entrou no mundo do Jiu-jitsu aos quatro anos de idade, por iniciativa da mãe. “Éramos três lá em casa e por norma havia sempre aquelas brigas entre irmãos e a minha mãe decidiu levar-nos a conhecer e a praticar uma arte marcial. No início ela nos levou a conhecer taekwondo, mas não nos adaptámos, acabámos por ir para o jiu-jitsu e hoje é uma das artes que já pratico há 34 anos”, conta.

Gabriel Nóbrega chegou a Portugal em 2004, inicialmente o objetivo era tirar uma pós-graduação na área do direito, na Universidade de Coimbra. Com o passar do tempo sentiu a necessidade de treinar, desta forma começou a praticar a sua arte em vários locais. Posteriormente surgiu a oportunidade de desenvolver um projeto, nascendo assim a escola “Gabriel Nóbrega Jiu-Jtsu Team -GNJJ” que no momento tem a sua representação na cadeia de ginásios FFitness, em Viseu.

Sem nunca desistir, atingiu o patamar de professor faixa preta. Dedica-se à criação de atletas além do tatami, tal como ele próprio sublinha: “a ideologia do bom atleta de Jiu-Jitsu, aquele que respeita com quem treina, que ajuda quem mais precisa, que se preocupa com o que o rodeia, deve ser aplicada na vida, pois só tem logica, ser bom se for num todo e acima tudo temos de ser bons seres humanos, bons pais, bons filhos, bons amigos”.

O passar da palavra é essencial para o número crescente de praticantes, permitindo a Portugal ser considerado a capital europeia desta arte marcial. “Os novos praticantes, vêm muitas das vezes por incentivo de amigos e que após a experiência, admitem que viam o jiu-Jitsu de forma diferente”, explica o professor.

Bom ambiente dentro e fora do tatami

Tibério Bordonhos, de 53 anos de idade, é um dos alunos mais antigos de Gabriel Nóbrega e o único, até ao momento, que teve todo o seu percurso desde a faixa branca à faixa preta com o professor. “Vim experimentar e fiquei. Gostei imenso do ambiente que se vivia dentro e fora do tatami, era como uma grande família, todos unidos. E sempre fiquei com o professor, recebi dele a primeira faixa branca e agora, não faz muito tempo, recebi a tão desejada faixa preta”, recorda Tibério Bordonhos.

O atleta já era faixa preta em kickboxing e faixa castanha em judo. “Treinei durante muitos anos Kickboxing, cheguei a faixa preta, o judo foi outra grande paixão, onde atingi a faixa castanha, mas uma lesão no joelho, levou-me a experimentar algo novo. E assim surge o Jiu-Jitsu na minha vida, na altura esta arte era muito pouco conhecida, mas assim que vivi aquele ambiente, adorei logo. Não é melhor nem pior que a outra arte é diferente e o ambiente vivido também é diferente”, conta Tibério Bordonhos.

Teresa Pinho de 33 anos, é mãe de uma das alunas mais jovens da escola GNJJ, que se iniciou na modalidade com apenas três anos de idade. “A Nonô antes era muito irrequieta, na escola por vezes havia chamadas de atenção, desde que iniciou estes treinos, as coisas mudaram. Gasta a energia que lhe sobra do dia, no treino, mas o mais importante de todo isto é a filosofia que aqui é instruída”, considera Teresa Pinho. A mãe conta ainda que o que mais a impressiona é a preocupação da filha com o bem-estar de quem a rodeia.

O Jiu-Jitsu em Portugal

O Jiu-jitsu surgiu em Portugal no final da década de 90 do século passado, no âmbito dos campeonatos de vale-tudo, que se organizavam na altura um pouco por todo o país. Hoje em dia existem 41 academias fidelizadas, conforme dados da federação Portuguesa de Jiu-Jitsu.

O primeiro campeonato Europeu foi em conjunto com os organismos de Portugal e Brasil, com a participação da IFBBJ (Internacional Brazilian Jiu-Jitsu Federation). Este momento fez com que Portugal passasse a ser um dos epicentros mundiais da modalidade, ganhando o estatuto de capital do Jiu-Jitsu da Europa.

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