Unbelievable: Um crime inventado ou uma violação dramática?

Por Filipa Jesus

Incertezas e hesitações dão vida ao primeiro episódio de Unbelievable, a nova minissérie da Netflix. Um crime inventado ou uma violação dramática? É a questão que invade o espectador num primeiro momento. Protagonizada por Marie Andler, uma estudante universitária de 18 anos, a série reúne 8 episódios intrigantes com avanços e recuos na investigação criminal.

Criada a partir de uma investigação jornalística de T. Christian Miller and Ken Armstrong, o caráter insólito que ilustra a trama prende o espectador à tela até ao último segundo. Ao longo do primeiro episódio, Marie descreve o que viveu naquela noite, vezes e vezes sem conta, ao ponto de as versões não coincidirem umas com as outras. Este pormenor poderá comprometer a relação de empatia do espectador com a protagonista, encurralada entre as autoridades e as emoções que a atormentam.

A narração projeta-se num constante vaivém cronológico e emocional, com a memória da violação sempre presente na vida de Marie. O primeiro depoimento às autoridades, o surgimento de outras versões, o sonho de uma possível violação, um violador à solta invade a pequena sala de depoimentos. A fronteira que separa a verdade da mentira começa a ficar demasiado ténue, para que seja possível apurar o que realmente aconteceu.

É neste cenário que a pressão das autoridades começa a apertar, e Marie depara-se com uma realidade que se difunde com o utópico, sem certezas do que aconteceu naquele apartamento às 4 da manhã.

Uma série que trata a agressão sexual de uma perspetiva áspera e até controversa, em que Marie acaba por construir uma atmosfera misteriosa, com a total exposição do impacto emocional de uma vítima de violência sexual. A questão que paira no ar é se realmente a jovem Marie terá sido violada ou inventado um crime para atenuar o seu passado difícil.

Drama e controvérsia são algo que não escapam a Unbelievable.

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