O “ervilha” social-democrata de Espinho

Nasceu no Porto, tem alma espinhense e aprendeu a adorar Aveiro. Acordou para a política muito cedo e encontrou no PPD a sua identidade ideológica. Começou na JSD de Espinho, mas foi na liderança do Grupo Parlamentar dos sociais-democratas a nível nacional que encontrou mais notoriedade. Luís Montenegro, um dos principais rostos do PSD de hoje, não sabe se o destino será mesmo São Bento.

Por Jorge Afonso

Luís Montenegro

 

Deixou a liderança do Grupo Parlamentar do PSD em 2017 e o Parlamento em 2018. Sente saudades da vida política ativa?

Não, não sinto saudades da vida parlamentar, nem de estar na política ativa. Sinto muitas saudades das pessoas com quem trabalhei durante muitos anos, os meus colegas parlamentares de vários partidos e do meu em especial, dos funcionários, dos jornalistas e daquela dinâmica pessoal que também se desenvolve como em qualquer outro local de trabalho, na Assembleia da República. Agora quanto à atividade propriamente dita, não sinto essa saudade por uma razão muito simples, porque eu fui deputado 16 anos consecutivos, aliás saí exatamente no dia em que fiz 16 anos de exercício daquela função, portanto é um tempo mais que suficiente.

 

Foi uma experiência que adorou, mas como dizia alguém, foi um filme que já viu?

Sim. As pessoas quando estão a exercer a função de deputados, são deputados 24 horas por dia e 7 dias por semana contrariamente àquilo que as pessoas pensam, não só aquela imagem televisiva que aparece é capaz de dar uma ideia da dimensão do trabalho parlamentar. Ser parlamentar é representar o povo, é representar a vontade popular e isso faz-se em todas as circunstâncias dentro e fora do Parlamento e dentro e fora da sala do Hemiciclo. É muito relevante aqueles que são os decisores poderem colher do eleitorado a sua vontade mais vincada e de uma forma mais próxima, portanto, desse ponto de vista, se há um apelo que eu posso fazer é para as pessoas estimarem os seus políticos e estimarem os seus deputados, porque quanto mais os criticarem, quanto mais os desprezarem aquela função que lhes parece exercida com pouca qualidade, pior vai ser a qualidade no futuro e mais razões vão ter para falar mal do Parlamento.

 

Há um pouco aquele sentimento de que se um falhar ou for apanhado em casos de corrupção ou menos claros, foi posta em causa a imagem de todos.

Sim, mas isso acontece com o Parlamento como acontece com todos os setores de atividade. Nós na sociedade, em todas as atividades temos os bons, os maus, os suficientes, os medíocres e os excelentes, portanto a atividade política é o espelho da sociedade e não vale a pena ter a pretensão de que na política só estão pessoas perfeitas. É tão importante o país ter um bom deputado, como ter um bom carpinteiro, um bom picheleiro, como ter um bom médico. Todas as atividades que envolvem um serviço aos outros, tem de se procurar a excelência no serviço que se presta! Ora, a atividade política também é um serviço que se presta, neste caso à sociedade e nós devemos procurar aqueles que têm mais habilitação, aptidão e vocação para o poder fazer. Se nós os afastarmos a esses, vão para lá outros que são igualmente pessoas muito respeitáveis, não têm é a mesma vocação e é esse o aspeto da qualificação a que me refiro, não é a qualificação pessoal propriamente dita, mas a aptidão para desenvolver aquela atividade em especial.

 

É natural do concelho de Espinho, distrito de Aveiro, pelo qual foi cabeça de lista do PSD e da coligação “Portugal à Frente” nas últimas eleições. Se regressarmos ao final da década de 70 e sobretudo à década de 80, que Luís Montenegro é que vemos?

Eu não sou natural de Espinho, sou natural do Porto, mas morei sempre em Espinho. Mas eu adoro a minha terra que é Espinho de facto. Foi lá que nasci para a vida, frequentei a escola e tenho a minha vida social, desportiva e cívica. Nos anos 70 estava na pré-escola e na escola primária, mas em 1979 fui pela primeira vez com os meus pais e com o meu irmão a um comício político no Estádio das Antas da Aliança Democrática e ele (irmão) trouxe uma bandeira da AD e eu trouxe uma do PPD que ainda guardo. Eu só me inscrevi aos 18 anos, por uma questão de convicção. Nos anos 80 fiz o resto da escola, primeiro na preparatória e depois na secundária, aonde já comecei a ter atividade em associações de estudantes e fui mais tarde presidente da JSD de Espinho durante três anos e meio, porque com 20 anos fui eleito membro da Assembleia Municipal de Espinho e com 24 eleito vereador da Câmara, nessa altura passei a ser presidente da Concelhia do PSD. Fiz três mandatos seguidos e fui candidato à Câmara em 2001.

Ainda tem o fato de treino “Ervilha”?

(Risos) A história foi mal contada, o fato de treino era verde, mas não foi por isso que tive essa minha alcunha, que era mesmo “Ervilha”. Foi mais novo, ainda com 8 ou 10 anos, porque eu mais fortezinho e tinha os olhos muito claros e esverdeados na altura, essa é que foi a origem da alcunha. Depois se calhar, ela foi reforçada (risos) quando eu comprei esse fato de treino que ainda tenho. Era uma imagem de marca, porque Espinho é um microcosmo da prática desportiva que advém do facto de nós termos dois grandes clubes em termos de formação e sobretudo também pela ligação à praia que potencia essa prática. Fui ginasta federado na secção de minitrampolim do Sporting Clube de Espinho, mais tarde atleta de futebol e simultaneamente quando podia por causa dos horários, treinava voleibol e andebol.

Aveiro para si é sinónimo de quê?

É sinónimo de um grande empreendedorismo e de uma grande capacidade de iniciativa. Mas sobretudo aprendi a perceber que o distrito tem uma capacidade e uma versatilidade enormes, porque tem uma frente de costa lindíssima onde pelo meio há praias magníficas e tudo sítios verdadeiramente únicos. Vai também a uma realidade empresarial fortíssima, com contactos também ao rio douro nomeadamente Santa Maria da Feira e Castelo de Paiva e uma ligação também zonas de montanha e serra com Vale de Cambra e Arouca. É um distrito com um grande potencial turístico, industrial, gastronómico, agro agrícola e vitivinícola.

 

Vi num documentário sobre si, que desde muito novo manifestou interesse pela política. Essa paixão teve influência familiar?

Creio que não. Isto nasceu com uma direção muito bem identificada que foi em termos locais, embora tenha sido também esse interesse pela gestão da comunidade e do bem comum. Sempre gostei de debater as minhas opiniões de maneira viva ao nível dos desafios que Espinho foi tendo em termos do desenvolvimento, logo sempre me empenhei nisso desde muito novo e simultaneamente admito, como a minha mãe recordava, que já gostava de fazer o mesmo em relação ao país e à situação nacional, mas aí já com mais distância, aí distância ao nível do televisor.

 

É muito próximo à atual liderança autárquica de Espinho e ao trabalho que está a ser desenvolvido desde 2009. Como avalia a gestão de Joaquim Pinto Moreira?

Muito boa. Uma pessoa com grande visão, sentido social e está a fazer um trabalho belíssimo que infelizmente, não vai poder prolongar porque a lei não permite mais do que três mandatos que vão acabar em 2021. Mas pode-se sintetizar a prestação dele com uma obra excelente de recuperação socioeconómica, com um desemprego que é um terço daquele que quando entrou, com uma dinamização da nossa principal atividade económica muito significativa que é o comércio e serviços e com uma intervenção ao nível da requalificação urbana que está em curso e que vai ser um elemento fundamental para o futuro da cidade.

 

Em Aveiro, como avalia a gestão do Eng. Ribau Esteves?

Eu creio que ele tem feito um excelente trabalho de recuperação de uma autarquia que tinha como principal imagem de marca, o constrangimento e bloqueio financeiro que a atividade municipal estava votada em face dos desequilíbrios que foi acumulando ao longo dos anos. Portanto, conhecendo eu a capacidade dele, acho que ele está a conseguir dar a volta a situação e a retomar um nível de intervenção autárquica plausível do potencial da cidade.

 

Existe uma clara unanimidade de que Portugal não é apenas Lisboa e Porto, é um país com muita riqueza económica, industrial, comercial e cultural em todas as regiões. De que forma acha que deve ser feita a descentralização?

Eu acho o seguinte, nós tínhamos dois caminhos em termos estratégicos para o nosso país. Ou tínhamos partido para a realização do princípio constitucional da regionalização, ou era desenvolver a capacidade que o poder local oferece e que hoje uma nova realidade que é a Associação Intermunicipal oferece. O que eu acho é que os dois caminhos em simultâneo não são viáveis e desejáveis, portanto a partir do momento em que houve uma unanimidade a nível de avançar com a descentralização, eu hoje em dia não defendo que se deva simultaneamente encetar um debate sobre a regionalização. As associações intermunicipais querem perder competências para outro poder ao lado? Não me parece. Acho que este governo ficou muito aquém do desejável, acho que o PSD fez um acordo com o PS absolutamente inócuo sobre este assunto e não o devia ter feito ou então devia ter exigido mais dele. Há competências que a administração central tem que seriam executadas de uma forma diferente pela administração local.

 

Há quem defenda a regionalização como combate ao centralismo, tivemos um referendo onde a mesma foi recusada maioritariamente em 1998 e nos últimos 4 anos anda-se a falar novamente nela. Qual a sua posição quanto à regionalização?

Só percebo isto se se quiser acabar com o processo de descentralização que está agora em curso, mas então diga-se. Nem é uma questão de não defender esta ideia, eu acho muito boa a ideia de regionalização, o que eu não acho é que o país tenha condições para estar a avançar e recuar permanentemente. O país disse não à regionalização, agora está em curso um processo de descentralização e eu temo que a regionalização vá esvaziar os municípios. Ou está tudo doido porque os dirigentes dos principais partidos assinaram um acordo que não queriam cumprir, ou há aqui hipocrisia política.

Admira Francisco Sá Carneiro, foi vizinho de Cavaco Silva, aproximou-se mais da política nacional com Durão Barroso e foi companheiro de luta de Pedro Passos Coelho. Enquanto social-democrata, com qual destas quatro figuras se identifica mais?

Com várias. Nós vemos em Francisco Sá Carneiro as nossas raízes, a nossa matriz ideológica e maneira de estar. Claro que nem tudo o que ele disse e fez é compaginável com a realidade de hoje, mas eu creio que se ele fosse vivo se tinha identificado com o reformismo e progressismo do Prof. Cavaco Silva que foi uma década de autêntica democratização do país e a prova de que quando nos dão essa possibilidade, nós (PSD) conseguimos de fazer progredir o país. Nunca mais tivemos essa possibilidade, porque fomos governo mais duas vezes e nunca mais do que quatro anos e em condições de urgência nacional. Penso que também se tinha identificado com o consulado de Pedro Passos Coelho, que só teve se sequência porque os partidos que perderam as eleições não respeitaram a vontade do eleitorado, é a minha convicção até hoje.

 

Qual o momento mais marcante durante o tempo em que foi Líder Parlamentar do PSD?

Tive vários. Mas houve um que foi mais marcante, foi quando se teve de cortar salários na administração pública, etc… Isso é tudo o contrário daquilo que um político quer fazer. Andar pela rua e ver a frustração das pessoas por terem menos rendimentos, mas nós fizemos tudo isso em puro estado de necessidade e acho que as pessoas perceberam isso quando apesar de não termos tido maioria, nós ganhámos as eleições em 2015. Se nós tivéssemos condescendido, ainda tínhamos feito mais asneiras do que aquelas que já tinham sido cometidas.

 

O PS acusou muitas vezes o Governo PSD-CDS de ter feito uma austeridade mais pesada do que aquela que era necessária, pode-se então dizer que a situação que o Governo Socialista deixou afinal não correspondia à realidade?

Eu acho que há aí um exercício de ficção por parte do Partido Socialista, agora que se vangloria com o défice, no tempo de José Sócrates fixou-se um país que não existia e um défice que ficou nos 11,2% e esquecem-se que o grande trabalho de descida do défice foi durante 2011 e 2015 com a descida do mesmo de 11,2% até 3% que só não foi por causa das resoluções do BES e do BANIF. Outra ficção era a de que não era preciso austeridade, como se o PS tivesse uma alternativa, que era o crescimento da economia, mas para isso era preciso mesmo por o país a crescer, porque isso não se decreta.

 

Uma vez numa entrevista, o Prof. Diogo Freitas do Amaral acusou o Governo PSD-CDS de mentir na ideia de que o défice só se baixava com cortes de salários e pensões e falou em exageros carros no estado, jobs for the boys e que podia-se ter feito sangue às bases dos principais partidos. Concorda?

Não. Isso até é mentir, porque nós fizemos um grande esforço. O Governo de Pedro Passos Coelho foi o mais pequeno da democracia e foi pela mão dele, ainda na oposição que se fez uma redução nos rendimentos dos políticos em 5%. Parte-se do princípio de que são tudo exageros e não são, porque as pessoas têm de se deslocar, tem de haver gabinetes e assessores. Agora, claro que cortar nos exageros é até obrigatório do ponto de vista exemplificativo, só que mesmo que tudo isso acabasse, os exageros são uma insignificância! A austeridade foi mesmo necessária, agora podíamos ter feito diferente? Podíamos. Podíamos ter aumentado ainda mais os impostos, mas isso era bem pior para as famílias e empresas. Podíamos ter cortado nos serviços públicos completamente? Podíamos, as pessoas morriam nos hospitais e as escolas fechavam por falta de funcionários como hoje. Podíamos, mas isso seria pior para a vida dos agregados familiares. Mas se o Prof. Freitas do Amaral, o Dr. António Costa ou o Dr. António José Seguro quisessem dizer aonde cortavam eles, nós estávamos de braços abertos para acolher, mas nunca ninguém quis fazer isso.

 

Ou seja, dói e faz perder votos, mas teve de ser?

Sim, mas os políticos servem para resolver problemas e não para os agudizar.

Afirmou recentemente que não era Maçon, nem tinha ligação alguma à Maçonaria, no entanto, disse numa entrevista ao jornalista Paulo Baldaia da TSF que já tinha participado em jantares e atividades maçónicas. Sente que esta aproximação a sociedades secretas pode ter prejudicado a sua imagem?

Isso acho que sim, pessoas que não me querem bem (risos) estimularam muito essa conversa desde o início. Acho que foram dois eventos onde participei, já esclareci isso em 2012 e ocorreram em 2008 veja bem, há 11 anos! Mas eu não fiz nada que outros políticos não tivessem feito, todos! Nem falo de políticos que assumiram essa participação, que não é crime nenhum bem pelo contrário. Eu sei que, às vezes, este tipo de organização convida pessoas, que aliás foi o que aconteceu…

 

Há aquela ideia de a Maçonaria ser um polvo tentacular que gere vários campos…

Isso são outras coisas! Isso já são deformações ou desvirtuamentos adulterações de organizações, mas isso também pode acontecer entre amigos, às claras ou às secretas isso é igual. Não é por estarem mais resguardadas num grupo de amigos em casa ou numa organização destas que elas são mais ou menos sérias, isso são critérios diferentes. Embora haja ali a presunção de que as pessoas não devem publicitar e estas organizações que se veja, não têm esse intuito. Era só para dizer que, de facto, houve já muita gente a querer-me prejudicar com isso, precisamente porque há um estigma sobre esse tipo de organizações. Eu não tenho nada contra elas, mas pronto tenho de pôr as coisas como elas são. Isso é mentira, portanto sendo mentira tem de ser dito.

 

Foi alvo de má fé?

Claramente.

 

O caso das viagens ao Euro 2016 conhecido como Galpgate, é o momento mais negativo da sua vida política?

De maneira nenhuma. Para já, eu não tenho nada a ver com o Galpgate, só por uma questão de facilidade é que se diz que é a mesma coisa, mas não é. A mim o que me acusam é de ter viajado com as despesas de uma empresa quando não viajei, paguei as viagens pura e simplesmente. Sabe que quando nós estamos nestas funções somos alvos fáceis, para aquilo que é justo e injusto.

 

Durante o Governo de Pedro Passos Coelho dizia que o país estava melhor, mas a vida das pessoas ainda não. Agora é caso para dizer que o país está pior, mas a vida das pessoas ainda não?

Eu disse isso em Fevereiro de 2014, portanto sei bem o contexto em que disse isso, sei que é uma frase que me há de acompanhar, mas eu tenho muito gosto em tê-la dito sinceramente e não me atemorizo nada com a forma como muita gente cheia de demagogia e de má fé inequívoca a tenta descontextualizar. Disse que tínhamos um país muito melhor porque estava num processo de recuperação, com uma economia que já não estava a regredir, mas a crescer, o desemprego vinha há um ano a descer e tínhamos feito reformas ao nível público dos transportes, da educação e da saúde. Hoje em dia, as pessoas sofrem muito mais do que sofriam nos tempos da crise, porque pagam mais, quando vão a uma consulta ou cirurgia médica num hospital ou centro de saúde porque o atendimento é muito pior, fruto do desinvestimento do que antes, a escola está com menos qualidade porque não há investimento. Se fosse hoje dizia que o país está pior, mas a vida das pessoas só está aparentemente melhor, porque na grande maioria dos casos está mesmo pior também.

 

Considera este Governo, o pior da nossa democracia?

Tenho dúvidas. O pior só não sou capaz de dizer, porque o Governo do Eng. Sócrates foi tão mau, embora constituído por muitas das mesmas pessoas, foi tão mau, tão mau, tão mau… para nós enquanto povo e sociedade que manifestamente ainda não foi ultrapassado nesse nível.

 

No início deste ano, o Dr. Luís Montenegro desafiou Rui Rio pela liderança do PSD dando a entender que estava a ser muito fraca até então, a partir desse momento e interrompido pela crise dos professores, temos visto um relativo crescendo tanto nas sondagens como na intervenção política desta liderança. Será que se pode dizer que, afinal de contas, o seu objetivo era despertar Rui Rio e não o derrubar?

A ideia era mudar a liderança do PSD, mas eu tive a ocasião de dizer que não tendo sido essa a decisão… enfim, dos militantes porque o Dr. Rui Rio entendeu não dar essa possibilidade aos militantes e não convocar as eleições, pelo menos que houvesse um certo despertar daquilo que chamei de um “gigante adormecido” que é o PSD e nesse aspeto os tempos seguintes não deixaram de ter um pouco esse efeito. Agora, infelizmente com um resultado que não é satisfatório.

 

Disse uma vez numa entrevista à SIC que nunca fugia às suas responsabilidades, mostrou sempre capacidade de liderança, de confronto, de compromisso e de diálogo durante a sua intervenção pública. Qual o foi o valor mais significativo que levou consigo para a vida política?

Sinceramente acho que foi o respeito pelos outros, é o essencial da vida dos homens e dos homens políticos por maioria de razão. Eu já lhe disse à bocado que tenho um princípio de vida que sigo nas minhas dimensões que é: Eu gosto de me pôr na situação em que o outro está.

 

Condescendência, portanto?

Não é condescendência, sinceramente isso é um bocado caritativo e não é nem de perto nem de longe com essa ideia, é mesmo de respeito. Mesmo quando está errado, o outro tem o direito a estar errado. É evidente que se eles fizerem mal eu também combato isso, o que não quer dizer que não respeite, está a perceber? Quando uma pessoa pensa diferente de mim, eu gosto de perceber porque é que ela pensa diferente, mesmo não tendo razão na minha opinião e de perceber que para ela muitas vezes eu também não tenho razão, é preciso perceber essa dimensão. Claro que há pessoas são más e que adulteram os princípios de convivência e de democracia inclusivamente, nem todas as pessoas são democratas, há pessoas com instintos ditatoriais e normalmente mais naqueles que afirmam muito democráticos, que é uma coisa muito engraçada.

 

É adepto do FC Porto, fazendo uma analogia ao lema que os Dragões tinham na época de 2010-11 que era “Este é o vosso destino”, pode dizer-se que chegar a São Bento é o seu destino?

Não sei. Não tenho nenhuma obsessão quanto a isso, mas também não fujo à pergunta. Estou muito consciente da responsabilidade das expetativas que gerei e, portanto, responderei por elas.

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