Portugal e o mar de abstenção

Portugal registou uma taxa de abstenção de 68.6%, batendo o recorde com o número mais alto de sempre. As eleições, que tiveram lugar no passado domingo, dia 26 de maio, ditaram Portugal como o sexto pior país em termos de números de votantes, ficando apenas à frente da Eslováquia, Eslovénia, Croácia, Bulgária e República Checa.

Por João Morais e Vasco Fernandes

Apesar dos vários apelos, efectuados por diversas personalidades como o próprio Presidente da República, o primeiro-ministro António Costa, entre outros, a maior parte das pessoas acabou por não exercer o seu direito natural ao voto, abstendo-se.

Paulo Santos, de 22 anos, estudante de gestão de empresas em Viseu, diz sentir-se revoltado com esta situação e com o elevado número de pessoas, de todas as idades que não foram votar: “Sinto que muita gente não se deu ao trabalho de se informar devidamente sobre o que realmente estava em jogo nestas eleições. Eram eleições importantíssimas para a Europa e para o país, e julguei que de tanto reclamarem, os portugueses iriam exercer o seu direito a votar, pelos vistos estava enganado”.

Já Joaquim Almeida, taxista de 55 anos, na sua cidade natal, Viseu, revela que não se sente surpreendido com a taxa de abstenção: “Já esperava que fosse assim, o povo português gosta muito de reclamar, mas não gosta de mudar as coisas”.

A importância do voto dos jovens tem vindo a ser salientada, mas os números continuam-se a repetir. Em 2014, só foram às urnas 19% dos portugueses com idades entre os 18 e os 24 anos. Luís Borges, estudante do secundário que já exerce do direito de voto, afirmou que a maior parte dos jovens não se interessam por política. “A verdade é que temos um papel importante nestas decisões que marcam o nosso futuro, mas muitos dos jovens não querem saber”, considera o estudante, acrescentando que os jovens “acham que políticas é uma coisa de adultos e nem se dão ao trabalho de pesquisar, acabando depois por também não ir votar e os resultados são o que são.”

De acordo com o Euro barómetro, este ano, o número aproximado de jovens que afirmaram que era “extremamente provável” irem votar no passado domingo era de 3%, um espelho dos resultados finais, que mostraram que a participação em Portugal nas eleições europeias foi de 31.01%

As eleições parlamentares europeias têm como objetivo escolher os 21 deputados para o Parlamento Europeu, que representam Portugal nas decisões que são tomadas de forma conjunta com a Europa.

 

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