Instagram made in Portugal

“Fast beautiful photo sharing” Este é o slogan de uma das redes sociais mais importantes do momento e com um futuro bastante promissor nas áreas da fotografia e publicidade.

O instagram (ou como lhe chamam os experts da internet), o filho pequeno do facebook, conta neste momento com mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo, que partilham desde fotos do seu cão até fotografias profissionais.

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Novo logo da rede social Instagram, lançado no dia 11 de Maio e as novas funcionalidades da mesma

Instagram: o que é?
A rede social online de partilha de fotos e vídeos, conhecida pela forma da famosa polaroid, permite aplicar filtros digitais e usa a forma quadrada, semelhante a Kodak Instamatic.

Mais recentemente, foi criada a opção de escolher entre fotografia de retrato ou de paisagem, aparecendo esta depois no perfil na forma original (forma de uma foto de polaroid) para não perder a caraterística distintiva desta rede social para as outras.
Para além disso, o Instagram tem um leque de filtros e opções de edição, podendo o utilizador tirar a fotografia e editá-la diretamente na rede social.

Inicialmente, esta rede só permitia a partilha de fotos e vídeos. Neste momento é possível fazer timelapse (vídeo curto com várias imagens) a partir do Hyperlapse, app que vem em conjunto com o Instagram, gifs (junção de duas imagens que andam de trás para a frente), com aplicação Boomrang, vídeos de 60 segundos (com filtros e edição própria) e colagens de fotos através do Layout, que contém uma câmara incorporada conhecida por PhotoBooth.

Estas funcionalidades já eram possíveis de adquirir através de outras aplicações externas nas app stores, mas agora basta instalar o Instagram e todas estas app extras vêm incluídas na rede. Além todas estas opções, é possível compartilhar as imagens, vídeos, figs, etc em outras redes sociais, como Facebook, Twitter, Tumblr e Flickr.

O Instagram ao longo de 6 anos
A história do Instagram já tem 6 anos. Tudo começou em Outubro de 2010, comKevin Systrom e Mike Krieger nos EUA. O serviço ganhou rapidamente popularidade, e ao final de um ano, a rede contava já com 10 milhões de utilizadores ativos.

Este rápido crescimento chamou a atenção do Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, que em Abril de 2012 comprou o Instagram por 1 bilhão de dólares (mais de 700 milhões de euros). “Estamos empenhados em desenvolver o Instagram de forma independente. Milhões de pessoas em todo o mundo adoram o aplicativo e a marca associada a ele, e nosso objetivo é ajudar a divulgar o aplicativo e a sua marca para um número ainda maior de pessoas” pode ler-se no mural de Zuckerberg.

Kevin Systrom (que pertence a lista dos 30 jovens com menos de 30 anos mais influentes do mundo dos negócios) e Mike Krieger, desenvolveram o software sem qualquer tipo de capital ou modelo financeiro.

Só em Fevereiro de 2011, quando a rede começou a ganhar forma, firmas como Benchmark Capital ou a Jack Dorsey, começaram a apostar capital na “caixa polaroid”.

insta2Vídeo Promocional sobre o Instagram

Instagram em números
O Instagram foi numa fase inicial apenas acessível na Apple App Store. Neste momento, a rede social encontra-se disponível em todas as app stores, de forma gratuita, tendo sido introduzido há cerca de dois meses no Windows 10 Mobile, sistema que não continha a possibilidade de compra da rede, tendo os utilizadores que aceder a formas pirata da mesma.

Pensar na rede social Instagram, é pensar num mundo. Segundo o blog da empresa, mais de 75% das pessoas que utilizam a rede do momento, fazem-no fora dos EUA.
Segundo o JN, entre “os últimos 100 milhões a juntarem-se [ao Instagram], mais de metade vivem na Europa e na Ásia. Entre os países em que mais cresceu o número de ’instagrammers’, incluem-se o Brasil, o Japão e a Indonésia”. Até a Coreia do Norte faz parte deste número, sendo possível visualizar fotos tiradas no país.

O Instagram em Portugal
O que é esta rede social em Portugal? Quem participa na mesma? Quem são os fotógrafos portugueses made in Instagram que dão cartas lá fora e cá dentro?
Diogo Oliveira (@_diogooliveira_), seguido por 42 mil pessoas (ou como vemos na sua conta do Instagram 42.1k), com mais de 1000 likes por foto, considera que o Instagram “está a tornar-se cada vez mais apelativo” e é sem dúvida “uma plataforma muito boa para divulgação de trabalho fotográfico”.

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O significado do Instagram para o Diogo Oliveira: “metaforicamente acaba por representar o que o Instagram é pra mim: um universo/mundo de inspiração”

Páginas de Divulgação em Portugal via Instagram
“O instagram sempre ajudou a divulgar as minhas fotografias. É a única rede social que uso, e as pessoas conhecem o meu trabalho fotográfico através da mesma”, afirma @umdilson (Edilson), fundador da página de divulgação de fotografia Portugal com Efeitos (@portugalcomefeitos), uma das várias contas existentes no universo do Instagram no nosso país, onde o objetivo é mostrar o lado fotográfico dos “instagramers” portugueses.

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O significado do Instagram para o Edilson

Usando como base outra conta bastante conhecida no universo português – Igers Portugal – Edilson queria apostar numa página “que tivesse uma publicação todos os dias, e não apenas de vez em quando”, dando a oportunidade a vários utentes do Instagram de terem uma foto da sua autoria publicada na conta Portugal com Efeitos, através da tag – #portugalcomefeitos. “Houve uma evolução muito grande, somos quase 40 mil, tem muito impacto”, afirma.

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Conta de Instagram do Portugal com Efeitos

O poder da rede social no quotidiano
“O Instagram deixa de ser uma comunidade dominada por autênticos criativos para dar passo a conteúdos mais mainstream, celebrity, etc. Aquela força inicial de conteúdos diferentes, comunidade, etc. passa a um segundo plano”. Segundo Sejkko – um dos 5 instagramers mais criativos segundo o The Huffington Post – o Instagram já não é o que era – “Eu entrei no instagram ainda numa altura na qual não era a rede social gigante que e hoje, e portanto meu trabalho teve alguma visibilidade a nível mundial”.

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Perfil do Instagram do utilizador Sejkko

Num planeta habitado por 7 biliões de pessoas, é impressionante ver os números que o Instagram já atingiu. Segundo os dados da rede social, mais de 40 biliões de fotos foram partilhadas. Em média são colocadas mais 80 milhões de fotos por dia, onde mais ou menos +3,5 bilhões pessoas perdem o seu tempo, por dia, a fazer like.

“Costumo planear as fotografias do meu instagram, e mesmo quando não planeio, estou a pensar na rede social” refere Edilson, e não é o único. Diogo Oliveira afirma mesmo: “Antes de postar uma fotografia, primeiro escolho-a e vejo se ficará bem no meu feed. Organizo as fotos para que a minha conta seja o mais harmoniosa possível, quer em termos cromáticos, quer em termos de composição das fotografias”.

Ego ou reconhecimento?
O facebook em tempos serviu como marco de popularidade. Quem tivesse mais amigos, mais fotos e mais likes seria mais popular, o que nos leva a perguntar se todo o cuidado com o instagram será também uma forma de aumentar o ego.

“Os gostos são um indicador de que o tipo de sensibilidade e inquietudes que eu tenho são partilhadas por muita gente em muitos lugares, independentemente de cultura, idade, etc. Os comentários que as pessoas deixam são o sangue, ossos e músculos de minha galeria, dão o corpo e para mim são um tesouro de valor incalculável” afirma Sejkko. Já Kid Richards (@kidrichards) – famoso instagramer que usa o analógico como base do seu trabalho – acha “que é bom quando recebes mais likes, é sinal que há publico a ver o teu trabalho e a gostar do mesmo” mas “não deixo que isso influencie de modo algum o trabalho que quero fazer”.

insta8Kid Richards

Inovações e polémicas ligadas a rede social
Podemos considerar o Instagram o palco de inovações. Só neste ano 6 novas caraterísticas desta rede – novos filtros, novas funcionalidades, novas apps – remodelaram a “caixa polaroid” por completo, no entanto muitas destas ações não foram vistas com bons olhos, gerando mesmo muita polémica a volta da rede social.

Há algum tempo atrás, o Instagram anunciou que algumas fotos e vídeos iriam deixar de aparecer por ordem cronológica, passando a surgir primeiro “os posts que mais interessam” ao utilizador. Esta ação levou a muitas criticais por parte dos utilizadores, gerando muita confusão, o que mais tarde a empresa esclareceu que era uma mais-valia, visto que com o crescimento do Instagram “cada utilizador não chega a ver cerca de 70% do que está no seu feed”.

A rede seguiu uma estratégia chamada ‘timeline algorítmica’ já usada por redes como o Facebook ou o Twitter, organizadas as publicações pelos gostos, preferências, e interesses.

“Se o teu músico preferido partilha um vídeo do concerto de ontem à noite, ele vai estar à tua espera quando acordares, não importa quantas contas segues ou o fuso horário em que vives. E quando os teus melhores amigos publicam uma foto do seu novo cachorrinho, tu não vais perdê-la”, explicou a empresa.

Quando questionado sobre a evolução do instagram e das novas características, Zé Pedro Durão refere – “penso que a tendência é para piorar, aliás, está cada vez pior, prova disso é a introdução da publicidade no meio das publicações das pessoas que seguimos”.

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Conta do instagramer Zé Durão

Instagram Ads: a publicidade no Instagram
Em setembro de 2015, a rede social (que até agora só sobreviva a base de capital por partes de firmas), anunciou uma nova ferramenta: a Instagram Ads. A funcionalidade funciona como uma plataforma dentro do Facebook e sendo possível partilhar a publicidade através de: cliques no site, visualização de vídeo e envolvimento com a aplicação.

O Instagram é neste momento uma das melhores plataformas de resultado para as marcas, mostrando alto poder de ações de marketing em vendas. 86% das principais marcas internacionais marcam presença nesta plataforma.

Segundo o site Dinheiro Vivo, em Portugal, 800 mil acedem diariamente via smartphone, apontam os dados do mercado. Já a eMarketeer, empresa de pesquisa de mercado dos media e do marketing digital, estima que a publicidade via telemóvel irá chegar aos 2,8 mil milhões de dólares em publicidade, ou seja, 10% das receitas de publicidade do Facebook, e consequentemente do Instagram.

Em que posição se encontra Portugal na rede social?
O nosso país tem acompanhado estas novas funcionalidades e paradigmas, assim como a questão estética das fotografias, que são muito mais que simples “partilhas pessoais “como nos conta Kid Richards.

São vários os utilizadores portugueses que consideram o Instagram como um portefólio de trabalho. Edilson diz mesmo: “O instagram é bom para pessoas como eu que não têm uma carreira profissional e que futuramente querem seguir esta vertente da fotografia, esta rede vai-me servir muito, principalmente para currículo”

No entanto, é interessante observar como várias pessoas com algum estatuto no Instagram em Portugal considerem que é “praticamente impossível” criar uma carreira no nosso país, mas que existem “contas nacionais excelentes” como nos conta Diogo Oliveira. Zé Pedro Durão admite mesmo que as contas de Instagram que mais gosta “pertencem a portugueses”.

Sejjko defende que “hoje em dia é muito difícil – ainda que possível para pessoas excecionais” ao contrário de casos conhecidos no estrangeiro. Edilson nota algumas diferenças – “principalmente na produção, muito dos estrangeiros produzem e fabricam, enquanto em Portugal, apesar de haver quem o faça, anda tudo a volta do “tiro uma foto aqui, e outra acolá”.

Uma nova realidade: a fotografia analógica no Instagram
Desde Outubro de 2010 até agora, o instagram sofreu uma evolução brutal. Diogo Oliveira admite mesmo que antigamente havia um “estigma de que se é uma aplicação para telemóvel não faz sentido postar fotografias que não sejam tiradas com o mesmo” mas este pensamento mudou completamente.

Enquanto uma boa parte continua a usar os telemóveis e as ferramentas de edição do Instagram, outra parte admite mesmo o uso de câmaras fotográficas e outros programas de manipulação de imagem. Diogo ainda acrescenta: “Inicialmente, tanto a fotografia analógica como a digital não eram bem recebidas por parte da comunidade do Instagram, mas esse pensamento foi posto de lado”.

Kid Richards (mais conhecido como KID) com cerca de 27 mil seguidores, e em média 1000 likes por foto, é um bom exemplo da fotografia analógica num mundo digital como o Instagram. “A fotografia analógica está a voltar de novo. Há cada vez mais fotógrafos a usarem o analógico em Portugal, e alguns deles com um talento enorme”.

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Perfil do Instagram do Kid Richards

Apesar de em Portugal haverem muitas páginas de divulgação de fotografia digital, são poucas as que se dedicam a fotografia analógica no Instagram, apesar de haver cada vez mais portugueses a partilhar na própria rede social, imagens conseguidas através de filme.

Kid concorda. “Acho importante essas páginas mais direcionadas para a fotografia analógica, por outro lado no final de contas, analógica ou digital, é fotografia. Ponto.”
Já Edilson, como fundador de uma página de divulgação de fotografia digital no Instagram, acha que uma conta de partilha de fotografia analógica seria interessante. “Sou apologista das ideias que se diferenciam, analógico em digital é sempre diferente” no entanto aponta – “usar uma hashtag só para Portugal acho que não teria muita adesão, mas se pudesse ser usada pelo mundo inteiro porque não?”.

Em conversa com o Miguel (fotophenia), fundador da página Analogue Vibes (@analoguevibes), conta espanhola dedicada a divulgação de imagens de rolo, o utilizador diz: “As pessoas estão a voltar a fotografar com filme, estão a voltar as raízes. Em apenas dois anos após ter criado a Analogue Vibes, cada vez mais gente usa o nosso hastag. Neste momento temos cerca de 150.000 fotografias, e esse número tem tendência a aumentar cada vez mais”.

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A foto que representa o Instagram para o fundador da Analogue Vibes, Miguel

Quanto questionado sobre quantas submissões recebe em média, este responde que andam a volta das “15 a 30 submissões por mês.” E ainda acrescenta que só no mês passado “recebemos 4 submissões portuguesas”.

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Perfil da pagina de divulgação de fotografia analógica, Analogue Vibes

Esta nova situação demonstra que o interesse pelo mundo analógico e por espaços de partilha do mesmo estão a tornar-se cada vez mais populares não só em Portugal, mas no mundo. O hastag mais conhecido nesta área é o #filmisnotdead, e só neste, mais de 2 milhões de pessoas já lhe fizeram uso.

Este facto pode ser considerado irónico: a fotografia pura é por vezes considerada antiquada, cara e difícil, mas está a começar a ganhar novos seguidores num meio digital, fácil, barato e simples. Tudo isto a partir de uma rede social que inicialmente só era usada para colocar fotos retiradas pelo meio fotográfico mais recente: o telemóvel.
Ana Formigo

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