Produção de queijo serra da estrela tem no Politécnico de Viseu um novo aliado

A Escola Superior Agrária de Viseu do Instituto Politécnico de Viseu e o “Scientific Veterinary Institute de Novi Sad”, na Sérvia, estão a trabalhar em conjunto para supervisionar a propagação de um vírus no gado ovino. O projeto é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e reúne especialistas da área da virologia veterinária, que irão monitorizar a circulação deste vírus em ovelhas de Portugal e da Sérvia.

Os dois países encontram-se equidistantes do ponto onde o vírus foi originalmente identificado, na Europa Central, e demarcam a sua propagação do ponto de vista geográfico, especialmente na direção dos países a sul. Esta infeção viral, que afeta exclusivamente os ruminantes, não sendo transmissível ao homem nem a animais não ruminantes, tem comprometido a produção de leite e produz malformações nos animais recém-nascidos. Através da combinação das suas condições técnicas e de conhecimento, as duas instituições vão acompanhar os valores de incidência do vírus ao longo do tempo.

O vírus está presente na região centro de Portugal, em ovelhas Serra da Estrela, como atestam os resultados preliminares, obtidos através da identificação de anticorpos, e poderá provocar um impacto negativo na economia da região, sobretudo no que diz respeito à produção do queijo Serra da Estrela.

A partilha do conhecimento entre as duas escolas, e a comparação dos valores registados com os dados encontrados nos locais onde o vírus foi inicialmente detetado, será fundamental para prever novos picos da doença.

Deste modo, vai ser feito um estudo longitudinal, que visa analisar amostras colhidas desde 2015. As duas instituições vão analisar 168 animais, de 42 explorações diferentes e 78 amostras de lotes de leite produzido a partir de ovelhas raça Serra da Estrela.

Apesar do processo não estar totalmente compreendido, de acordo com os especialistas para um vírus conseguir replicar o seu material genético e produzir muitas cópias de si mesmo, ele precisa de um conjunto de processos que só existem numa célula hospedeira – uma célula que ele tem de infetar. Este processo pode prejudicar a célula invadida e, muitas vezes, destruí-la.

Atualmente regista-se uma diminuição da prevalência da infeção nas ovelhas Serra da Estrela, tal como se verificou anteriormente nos países da Europa Central. Esta correlação, devidamente validada, poderá ajudar a prever os períodos de maior incidência, bem como a implementar estratégias de suavização do aparecimento da doença, otimizando a produção de leite e, em consequência, a produção do queijo de ovelha.

O projeto tem a duração de dois anos e todos os resultados serão do conhecimento público, através de publicações da especialidade, bem como por parte do Gabinete de Comunicação do Instituto Politécnico de Viseu.

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