“Não se faz cinema só com paisagens bonitas”

Surgiu da vontade partilhada de dois vizinhos no centro histórico. O Cine Clube e a Emporio quiseram criar um projeto que não conseguiriam concretizar isoladamente. O festival Vistacurta nasceu em 2010.

Estão abertas as inscrições para mais um festival vistacurta. Até 30 de junho de 2018, os participantes poderão concorrer com as suas curtas-metragens de ficção, documentários ou filmes de animação junto do Cine Clube de Viseu.

Depois de seis edições dedicadas apenas a trabalhados de autores do distrito de Viseu e/ou filmados na região, em 2016 o festival passou a assentar em duas competições, atribuindo-se os Prémios de Melhor Filme a nível local e nacional. De forma a não se perder a essência do motivo da criação deste evento, o filme Aqui na Terra, de João Botelho é tido como uma referência na competição nacional, visto que mostra um Portugal de altos contrastes e divisões sociais, apelando assim para o tema da Interioridade. “Não quisemos que isto implicasse uma descaracterização do Vistacurta, pelo que as curtas-metragens nacionais são sujeitas ao tema geral de Interioridade – seja em termos geográficos, sociais, metafóricos, etc.”, afirma José Pinto, membro da direção do Cine Clube de Viseu e da equipa de produção do festival.

Com o número de pessoas envolvidas a aumentar e a duração do vistacurta já ser de quatro dias, com atividades ao longo do dia, as curtas-metragens em competição também têm sido cada vez mais. “2017 foi o ano em que mais curtas se candidataram ao vistacurta: recebemos 86 curtas-metragens locais e nacionais a competição, das quais foram selecionadas 15, cinco locais e dez nacionais”, adianta José Pinto.  É de salientar que que o festival recebe vários trabalhos de alunos e ex-alunos da Escola Superior de Educação de Viseu com frequência, como é o caso do documentário “Rua das Tendas” de Diana Almeida, exibido na edição de 2015.

Como parte integrante do vistacurta é feito um workshop de realização. Na edição do ano passado, José Filipe Costa foi o orientador deste workshop, que é realizado em datas diferentes do festival, de modo a que os participantes posam aperfeiçoar o material filmado durante o workshop para a apresentação final no vistacurta. José Pinto adianta ainda que “este ano o workshop de realização será num modelo um pouco diferente dos anos anteriores – estamos sempre a tentar melhorar as nossas propostas”.

Viseu pertence ao lote de cidades com um panorama cinematográfico de referência. O principal objetivo do Cine Clube é trabalhar para que cada vez mais viseenses sintam vontade de apreciar o programa do festival. Para José Pinto, o potencial cinematográfico está sempre mais ligado às pessoas do que as terras, daí que o vistacurta tem recebido bons trabalhos de criadores locais. “Não se faz cinema só com paisagens bonitas, ou com grandes metrópoles”, afirma.

“Queríamos que o nome refletisse também a forma quase improvisada que esteve na origem do projeto”, comenta José Pinto quanto à justificação do nome do festival. Pelo vistacurta já passaram grandes nomes do cinema português, como Edgar Pêra, Manuel Mozos e Filipe Melo. O festival vistacurta, organizado pelo Cine Club de Viseu, ocorre no último trimestre do ano em datas a anunciar.

O formulário de inscrição e o regulamento estão disponíveis em http://vistacurta.pt/

 

Texto: Rute Monteiro

Imagens: DR

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