“Na Lousã, temos a ambição de promover políticas pelas pessoas e para as pessoas”

Luís Antunes foi reeleito pelo Partido Socialista, no passado mês de outubro, para o seu segundo mandato à frente da Câmara Municipal da Lousã. Em entrevista ao #dacomunicação, o autarca fala sobre a o ramal da Lousã, o turismo, a aposta no território e na mobilidade, bem como a questão dos incêndios, que assolaram o concelho há três meses. 

Em 2009, o serviço público ferroviário no Ramal da Lousã foi suspenso com o objetivo de implementar um serviço mais moderno que devido a vários fatores não teve a concretização prevista. O que acha que este tempo de espera sem qualquer concretização, originou na população?

Este foi um processo que reconhecidamente – e já o disse por diversas vezes publicamente – não teve o desenvolvimento adequado nem nos timings, nem, atrevo-me a dizer, na relação entre o Estado e as populações abrangidas por este serviço. É natural, que depois de tantas vicissitudes, avanços e recuos, os cidadãos legitimamente duvidem da boa conclusão do projeto, mas da parte da Autarquia – e foi a isso que nos comprometemos – estamos empenhados em exigir ao Governo que cumpra o que prometeu e, com toda a justiça devolva a esta região um serviço muito importante, concluindo de vez um processo que já vai longo demais.

Que solução foi adotada para rentabilizar os investimentos e meios envolvidos?

A solução que foi apresentada por este Governo assenta no compromisso de aproveitar ao máximo os investimentos prévios que foram feitos, nomeadamente usando o canal previamente previsto para a solução ferroviária, ainda que com as naturais adaptações técnicas. O mais relevante será, no entanto, a maneira como este projeto foi elaborado que o torna elegível a candidatura a fundos comunitários, condição essencial para a boa conclusão deste projeto. Além disso, a própria solução apresentada, por ser em suporte rodoviário, torna-a mais flexível, permitindo já aquando da sua instalação servir rotas diferentes e mais adequadas à procura, bem como a sua futura adaptação a necessidades entretanto identificadas. Da nossa parte, o que sempre defendemos, foi um serviço moderno, confortável, rápido, sustentável ambiental e economicamente e que servisse de maneira eficaz as populações não só da Lousã, mas de toda a Região.

Foram apresentados pela Câmara Municipal da Lousã, três suportes de comunicação que pretendem transmitir uma ideia renovada do território. Muitos turistas aderiram a esta aplicação e de que maneira ajudou na vinda dos mesmo à vila da Lousã?

Os três suportes referidos são a nova aplicação móvel de informação turística Smiity, um novo vídeo promocional institucional do Concelho e o novo folheto de informação turística do Concelho. São três suportes, cada um com a sua especificidade, que vêm contribuir para a melhoria da atratividade do concelho procurando não só atrair mais turistas, mas também, prestar uma melhor informação a quem nos visita. No caso da aplicação móvel, cada vez mais os turistas procuram informação online e disponibilizada de forma rápida e intuitiva em novas tecnologias. O telemóvel tornou-se em mais do que uma forma de comunicar entre pessoas, tornou-se numa ferramenta de suporte essencial no nosso dia-a-dia. Foi com esse objetivo que nos juntámos a esta aplicação, que é supra municipal e abrange mais Concelhos, para disponibilizar informação de forma prática e acessível sobre eventos, notícias, restaurantes, alojamentos, praias fluviais, aldeias do xisto e outros pontos de interesse turístico. Além disso a aplicação funciona ainda como guia GPS o que é uma notória mais-valia. No que ao vídeo diz respeito é sabido que uma imagem vale mais do que mil palavras. Procurámos, num vídeo curto despertar o interesse para uma visita à Lousã a quem vê o vídeo, com a certeza de que irá descobrir que o que viu corresponde à realidade. Esta é uma ferramenta importante, também para os mercados internacionais e por isso mesmo temos versões em Inglês, Francês e teremos em Castelhano. Finalmente o Folheto Turístico, tratou-se de modernizar graficamente e a nível de informação um suporte que vimos a usar à algum tempo, e que continua a ser procurado por quem nos visita. No futuro iremos complementar este folheto generalista com folhetos temáticos para áreas que consideramos relevantes e são produtos muito procurados como as Aldeias do Xisto, o Desporto Aventura e de Natureza e o Património Histórico e Edificado.

Urb Lousã, foi um projeto que teve início a 4 de janeiro e que tem como objetivo promover a mobilidade para todos no Concelhos. Que vantagens trouxe para as pessoas e para os concelhos envolvidos?

A UrbLousã é um projeto de mobilidade colectiva no Concelho da Lousã que contempla 5 linhas de transportes públicos urbanos. Iniciou-se com base numa linha já existente – agora melhorada linha de transportes do novo Centro de Saúde – que funciona desde janeiro de 2015 e que regista um número muito significativo de utilizadores. Posteriormente foram criadas 4 outras novas linhas que irão servir uma área territorial mais alargada, existindo mais paragens e proporcionando uma maior proximidade a diversos serviços locais.  Foi também criado um serviço inovador de “Transportes a pedido”, que permitirá aos utilizadores solicitar o serviço, até às 16h do dia anterior à viagem, a partir de diversos locais pré definidos e com paragem num dos pontos definidos no centro do Concelho. No âmbito deste serviço, foram também tidas em conta as pessoas com mobilidade reduzida, sendo que, a breve prazo a viatura de serviço será adaptada e proporcionará um serviço inclusivo e de mobilidade para todos. Este é um serviço em constante evolução, que procura dar as respostas mais adaptadas às necessidades dos munícipes, promovendo a proximidade e integração de todo o Concelho, bem como promovendo soluções modernas de mobilidade coletiva, com todos os benefícios económicos e ambientais daí decorrentes.

A vila da Lousã promoveu maior edição de sempre da melhor Feira do Mel do País, a Feira da Castanha e do Mel. Que estratégias foram utilizadas, para a promoção e valorização da mesma?

A Feira do Mel e da Castanha da Lousã assume-se hoje em dia, claramente, como a melhor e maior Feira do Mel do País. Para se alcançar este patamar foi necessário um trabalho de crescimento, consolidação e finalmente de afirmação ao longo dos anos, sendo notório que a Feira já vai na sua 28ª edição. Este trabalho passou, necessariamente, por uma seleção criteriosa de participantes, procurando sempre diversificar a oferta mas com padrões elevados de qualidade. Além da qualidade que exigida aos expositores de Mel e Castanha que integram a Feira, há já alguns anos que se juntou a vertente do artesanato e gastronomia como complementos aliciantes da oferta aos visitantes da Feira. Estas duas vertentes seguem os mesmos elevados padrões de qualidade que pautam a Feira, representando a oferta gastronómica e de artesanato do Concelho, mas não só; procura-se também diversificar a oferta qualitativamente com produtos e expositores / vendedores de todo o País. Finalmente é também determinante o programa de animação cultural associado e que integra a Feira, eclético e que procura ter momentos de interesse para diferentes gostos culturais e faixas etárias, nunca descurando a mostra etnográfica do Concelho. A nível de promoção, além da importantíssima e determinante promoção inerente à crescente reputação da Feira, a aposta em promoção online, moderna e inovador, em conteúdos multimédia é uma tendência em que a organização da Feira tem vindo a apostar, não desprezando, no entanto, tipos de publicidade mais tradicional, que continuam a ter públicos-alvo específicos.

 

Após os incêndios que abalaram o concelho da Lousã, vários moradores ficaram sem os seus bens. Já começou a reconstrução das casas destruídas pelos incêndios?

Infelizmente a tragédia dos incêndios de Outubro que afetou o Concelho da Lousã teve consequências importantes, nomeadamente a destruição de habitações, territórios agrícolas, industrias e outros equipamentos. Felizmente não temos vítimas mortais a lamentar. A Câmara Municipal da Lousã – devidamente coordenada com os órgãos do Estado Central e com as Juntas de Freguesia – teve, desde a primeira hora, equipas multidisciplinares que procuraram, e continuam a trabalhar nesse sentido, disponibilizar aos munícipes todo o apoio de que necessitassem. Aí se inclui, também, o processo de candidaturas a apoios que visem a recuperação de bens materiais perdidos nos incêndios. É um processo, como todos o são, burocrático e que implica um trabalho administrativo importante, mas temos feito todos os esforços – nomeadamente junto do Estado – para que este processo se torne o mais simples e célere possível. Com isto dito é importante que se diga que os trabalhos estão a decorrer e continuam a ser acompanhados, empenhadamente, pela Câmara Municipal.

Que apoios a nível nacional, o concelho da Lousã tem recebido para a ajuda das vítimas dos incêndios?

As linhas de apoio que o Estado disponibilizou decorrentes dos incêndios de outubro têm sido adequadamente acedidas e aplicadas de forma a colmatar os prejuízos que o Concelho sofreu. Este tem sido um trabalho – bem como o da disponibilização de informação e apoio aos munícipes – que tem sido executado por uma equipa multidisciplinar da Câmara em coordenação com os serviços do Estado, nomeadamente com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro. Por outro lado, o Turismo de Portugal também lançou mecanismos de apoio aos territórios afetados pelos incêndios que sofreram impacte negativo na sua atividade económica e para os quais a Câmara da Lousã se irá posicionar.

O projeto Isto é Lousã, criou um baloiço de madeira a 1200 metros de altitude, que começou a ser usado como cenário para tirar fotografias e está a fazer as delícias das redes sociais e dos visitantes que ali se deslocam. O que tem a dizer sobre este projeto?

É um projeto inovador, de dois empreendedores lousanenses, que procurou juntar as suas habilidades e capacidades ao amor que têm à sua terra. Tem sido um projeto que valorizamos e apoiamos, qualificador do território pela positiva e que prova que muitas das vezes não são necessários grandes projetos e estudos para que o resultado seja muito positivo. O olhar que este projeto tem sobre o nosso território – no qual se engloba a utilização de materiais endógenos – permite-nos partilhar visões e perspetivas que partilhamos com todos aqueles que aqui vivem ou aqui se deslocam. Por outro lado, tem sido, também, mais uma forma de promoção deste território fantástico e que merece todo o nosso apreço e apoio.

A Câmara Municipal da Lousã promoveu um projeto pioneiro de turismo acessível a nível nacional, o Lousã – Destino de Turismo Acessível. A quem é destinado este projeto e o que pressupõe o Turismo acessível com este projeto?

O projeto “Lousã, Destino de Turismo Acessível”, promovido pela Câmara Municipal da Lousã, tem como primeiros destinatários todos aqueles num determinado destino sofre algum tipo de limitação na sua capacidade relacional e apresenta necessidades especiais durante a viagem, o alojamento ou outros serviços turísticos. Para além da deficiência, estão também abrangidos neste conceito doentes crónicos ou temporários, os acidentados, as crianças, as grávidas e os idosos. O Turismo Acessível pressupõe assim uma oferta transversal de infra-estruturas, equipamentos e serviços que permite, a todos, o gozo de viagens, estadias e lazer sem barreiras. Um destino que seja capaz de assegurar de uma forma sistémica estas condições de acessibilidade será um Destino Acessível, ou um Destino Para Todos, que é o objetivo. Com este projeto procurou-se obter outras vantagens: melhoria da posição competitiva e da imagem do destino; aumento dos níveis de ocupação na época baixa; maior mobilização dos agentes locais para trabalharem propostas turísticas em rede; reforço da sustentabilidade social do turismo local. A Câmara Municipal, em conjunto com a Provedoria Municipal das Pessoas com Incapacidade e em parceria com os agentes privados, continua a te em conta os princípios orientadores deste projeto na sua atividade.

O Orçamento Participativo é um mecanismo de democracia participativa que permite aos cidadãos decidirem sobre uma parte do Orçamento Municipal. Acha que este projeto é uma mais valia para o concelho da Lousã?

Todas as formas e iniciativas que aproximem os eleitos dos eleitores, que promovam a participação dos cidadãos nas decisões que lhes dizem respeito, contribuem de forma decisiva para a qualidade e vitalidade de um sistema democrático e da democracia em si. Na Lousã, temos a ambição de promover políticas de proximidade, políticas pelas pessoas e para as pessoas. Por isso mesmo introduzimos primeiro o Orçamento Participativo Jovem, que depois foi integrado no Orçamento Participativo Municipal, aquando do seu lançamento. Este é um projeto que já deu frutos e do qual nos orgulhamos, até pela participação record de votação presencial a nível nacional. Já temos no Concelho exemplos concretizados, nomeadamente a criação e instalação de um Parque Urbano e a atribuição aos Bombeiros Municipais de uma ambulância de socorro. Em 2017 o projeto aprovado contempla a execução de um Centro de Bem Estar Animal. Esta e outras iniciativas que promovam a participação dos cidadãos na vida pública merecerá da parte da Autarquia a melhor atenção.

 

Entrevista: Daniela Costa

Imagens: Luís Antunes

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