Plataformas participativas e interfaces interculturais em debate

A sessão sobre Plataformas Participativas e Interfaces Culturais decorreu ontem, no Instituto Politécnico de Viseu, no âmbito do X Congresso da SOPCOM. Sendo um tema bastante atual, a plateia, apesar de pequena, mostrou-se bastante interessada colocando diversas questões aos oradores.

Maria João Centeno e Helena Pina falaram sobre as plataforma museológicas digitais e cultura de participação. As conclusões provisórias das investigadoras apontam no sentido de os museus se limitarem a transcrever para a plataforma online a velha lógica institucional de divulgação e não promoverem participação para além disso. De facto, a presença digital dos museus da cidade de Lisboa não contribui para quebrar a relação organização/visitante de caráter instrumental e parece dirigida de acordo com os interesses de uma das partes, explicaram as oradoras.

Fábio Giacomelli falou um pouco dos jovens e jornalismo, começando pelo conceito do mobile first, numa realidade virtual ou aumentada. O orador explicou que existem três tipos de realidade: a virtual, que nos remete ao ambiente recriado totalmente por um computador que visa simular uma presença física; a realidade aumentada, que é um ambiente real onde elementos são qualificados ou substituídos por alguns componentes sensoriais gerados por computador; e a realidade mista, que é uma combinação das duas anteriores, mais adaptado para o consumo em computadores. “A tecnologia é importante, mas nunca é superior ao conteúdo”, disse Fábio Giacomelli.

Maíra Bittencourt, que trabalha na Grounded Theory, trouxe à SOPCOM o seu estudo sobre a influência do jornalismo. A investigadora fez 601 questionários em cinco regiões do país, entre 2013 e 2015, e analisou as suas respostas, categorizando o tipo de conteúdo e acompanhando as publicações de cada comunicador escolhido. Na sua conferência focou- se em 180 participantes e acompanhou o tipo de posicionamento de cada entrevistado em diferentes períodos. As conclusões deste estudo mostram que os utilizadores não precisam e nem esperam que os profissionais da comunicação imitem o conteúdo no seu feed de noticias, por exemplo, do Facebook.

Lídia Marôpo falou sobre as crianças e o Youtube no Brasil, mostrando, entre outros dados, que um vídeo de uma criança a desembrulhar presentes teria atingido num mês 745 milhões de visualizações naquela rede social de partilha de vídeos. Para a investigadora, um dos riscos é o trabalho infantil, face ao tempo dedicado à profissionalização. Já do lado das oportunidades encontram-se as novas experiências.

Por último, Diogo Cunha falou um pouco da Web, desde a sua preservação aos seus problemas, tal como as tecnologias digitais.

 

Texto: Ana Filipa Pimenta

Imagem: Adriana Gonçalves

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