Bottega Veneta sem direção criativa depois da saída de Daniel Lee

Foi anunciada ontem, dia 10 de novembro, a saída do designer Daniel Lee da direção criativa da marca italiana Bottega Veneta, depois de três anos de colaboração. De acordo com o designer britânico e com a Kering, o conglomerado de luxo que detém a marca, a decisão foi mútua.

Por Ana Francisca Oliveira

O meu tempo na Bottega Veneta tem sido uma experiência incrível”, declarou o ex-diretor criativo num comunicado de empresa depois da notícia da sua saída ter apanhado a indústria da moda de surpresa. Agradeceu à sua equipa e a François-Henri Pinault, CEO da Kering, pelo seu apoio, porém desconhece-se a razão da sua decisão. O conglomerado ainda não avançou com o nome de um sucessor, deixando toda a indústria a questionar o futuro da marca.

Michele Taddei e Renzo Zengiaro estabeleceram a marca Bottega Veneta (em italiano Loja Veneziana) em Vicenza, Itália, em 1966. Especializaram-se em trabalhos com materiais de pele e criaram a técnica do entrelaçado, o Intrecciato, que rapidamente ficou associado exclusivamente à marca. Por isto, nenhum logo foi necessário, e com o slogan “When your own initials are enough” (“Quando as tuas iniciais são suficientes”, em português), o conceito geral foi criado. Depois de abrirem uma loja na cidade de Nova Iorque nos Estados Unidos, em 1972, alcançaram uma fama invejável quando a atriz Lauren Hutton usou a mala Intrecciato no filme de 1980 American Gigolo.

Com diretor criativo da Hèrmes e de Guy Laroche no seu currículo, foi a vez do designer alemão Tomas Maier depositar o seu talento em Bottega Veneta. No início dos anos 2000, a marca entrou então no mercado joalheiro e lançou a sua primeira coleção de ready-to-wear. A roupa aparecia como extra para os acessórios, e não o contrário, como era habitual nos desfiles de moda.

Em 2018 Tomas Maier, depois de 17 anos de colaboração, decidiu deixar a marca. O seu sucessor foi Daniel Lee, diretor das coleções ready-to-wear da Céline. Aqui, o designer assistiu Phoebe Philo, diretora criativa da marca, a desenvolver a estética minimalista que levou à popularidade e renascimento da marca. O designer levou consigo o que aprendeu na casa francesa e aplicou-o em Bottega Veneta, reinterpretando o icónico Intrecciato, aumentando-o de tamanho, lançando casacos de pele gigantes, mules acolchoados e a mala The Pouch, agora um elemento indispensável da marca. Durante os três anos como diretor criativo, Daniel Lee reavivou criativa e comercialmente Bottega Veneta. Basta agora esperar para saber quem o sucederá na casa de moda italiana com mais de 50 anos.

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