Voz Trás-os-Montes, o jornal que há 74 anos informa os transmontanos

A 9 de novembro de 1947 surge o jornal semanário de Trás-os-Montes e Alto Douro, designado por A Voz de Trás-os-Montes, com sede em Vila Real e delegação em Chaves. Um projeto fruto da iniciativa de D. António Valente da Fonseca, bispo de Vila Real da altura, com colaboração do sacerdote Henrique Maria dos Santos, o primeiro editor do jornal.

Reportagem de Marco Sousa

74 anos depois, este órgão de comunicação social prevalece. Enaltece-se a voz de toda a região Transmontana e Alto Duriense. Um jornal impresso distribuído todas as quintas-feiras nos distritos de Vila Real, Bragança e ainda em algumas zonas do país e em comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo.

Em 2014, a gestão do jornal passa para a empresa Letras Dinâmicas, LDA, com o compromisso de tornar este meio de comunicação num produto sustentável e atrativo para a população.

O atual diretor do A Voz de Trás-os-Montes, João Vilela, reconhece que é uma “referência para a população”. Este é o responsável por cobrir um total de 35 concelhos, das três intermunicipais da região: Trás-os-Montes, Alto Tâmega e Douro, incluindo também, fora destas comunidades intermunicipais, como o caso do município de Mondim de Basto.

Com base em estatísticas, Vila Real é o distrito com mais assinantes e leitores deste jornal, sendo assim, um dos principais pontos de referência do A Voz de Trás-os-Montes. Segundo João Vilela, é o “pilar fundamental do jornal”. Além de Vila Real, seguem-se os concelhos circundantes, como Sabrosa, Alijó, Régua, Vila Pouca de Aguiar, entre outros. O restante território, que pela sua localização geográfica e falta de recursos humanos não permite dar tanto destaque quanto aos outros territórios, leva a que o jornal cubra essas regiões apenas o que é essencial.

A pandemia Covid-19 trouxe consequências para A Voz de Trás-os-Montes, entre elas, a diminuição de assinaturas e leitura do jornal. Sendo uma faixa etária já elevada, perdem a renovação da respetiva assinatura. O diretor do jornal reforça que no caso dos jovens, estes “leem muito pouco ou quase nada”, procurando assim, estratégias. Neste sentido, definiu apostar nos conteúdos desportivos.

O digital é uma das grandes apostas do jornal que em 2016 lançou o primeiro site e no presente ano foi lançado o segundo. Para além da aposta no site, foi lançada ainda uma aplicação, em final de março, com vista a cobrir todas as necessidades digitais do mercado e dos leitores. Contudo, o digital ainda não é a aposta mais importante do jornal, já que o meio físico continua a ser o meio mais rentável e o que atrai mais leitores, também devido às características populacionais da região. Para João Vilela, o digital é algo que tem de ser acompanhado, pois há cada vez mais pessoas no online e isso é um fator determinante para o crescimento e sustento do meio de comunicação a longo prazo.

Um dos fatores que veio reforçar a ideia de que a aposta no online era algo essencial foi a pandemia da Covid-19. João Vilela afirma que “houve claramente um crescimento da informação”. Este aumento foi tão significativo que levou a que A Voz de Trás-os-Montes tivesse a necessidade de recorrer a um novo servidor. O diretor reforça que março do ano passado foi o “mês de maior fluxo” e que “foi particularmente significativo ao ponto de ao fim de dois meses” terem de recorrer “a um novo servidor para dar resposta”.

Para o crescimento deste fluxo contribuiu a confiança nesta marca, que leva já há 74 anos a informação sobre a região às bancas e sempre com o rigor e exatidão que os leitores assim exigem.  Apesar das dificuldades que o setor já atravessava e que se agravaram com a pandemia, A Voz de Trás-os-Montes tem conseguido crescer e para isso contribui o novo site, que trouxe um aumento de assinaturas digitais, o que leva João Vilela a asseverar que tem “consciência que o digital não é o futuro, é o presente”. O jornal tem ainda um público bastante vasto fora do território nacional, onde tem alguns assinantes, algo que para o diretor é fundamental, pois mostra que este meio de comunicação é também um elo da região para com os que tiveram de partir.

Apesar de terem diminuído drasticamente as assinaturas em papel, que em outros tempos chegaram às 1000, o meio de comunicação conta agora apenas com 200 assinaturas. Os números do digital têm aumentado, apesar de não ser possível precisar um número exato.

A sustentabilidade tem sido sempre um dos principais focos do diretor e de toda a empresa, para isso decidiram inovar e criar uma agência de comunicação dentro do órgão, a LD Media, “uma agência de comunicação que é autónoma do jornal, mas que funciona dentro da empresa, no fundo aproveitamos meios e recursos”, esclarece João Vilela.

Quando se fala em desafios a enfrentar serão certamente muitos, mas para João Vilela, atual diretor, há duas palavras de ordem: a isenção e a sustentabilidade, pois só assim acredita poder continuar a fornecer o serviço que os seus leitores merecem.  “Não é fácil para o jornalismo regional aguentar-se nos próximos tempos”, afirma João Vilela, que, contudo, se mantém bastante otimista no seu trabalho e no da sua equipa, de modo que possam continuar a levar A Voz de Trás-os-Montes a todos os residentes de Trás-os-Montes e que pretendem estar informados sobre o que acontece na sua região.

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