Jornalismo de Proximidade, a “quimera do ouro” para Paula Sofia Luz

Paula Sofia Luz, jornalista no Diário de Notícias, começou no Jornalismo muito antes de fazer qualquer formação. Natural de Pombal, foi no seu 10º ano que decidiu seguir uma variante que a escola abriu de “Jornalismo/Turismo”. Nas suas férias de verão fez rádio depois de a professora a ter escolhido, mas um ano depois, nas férias seguintes, percebeu que a imprensa era a sua área favorita, quando começou a trabalhar no jornal O Correio de Pombal.

Por Luciana Soares

Uma apaixonada pela imprensa e pelo jornalismo de proximidade, Paula Sofia Luz afirma que “o jornalismo de proximidade é a quimera do ouro”, porque permite fazer aquilo que acredita ser a principal missão do jornalista “contar as histórias das pessoas e dos lugares de uma forma próxima para quem lê e para quem é entrevistado”.

Tendo o jornalismo como uma “profissão privilegiada”, Paula Sofia Luz deixa assente o seu descontentamento pelo “desinvestimento nas rádios, jornais e televisões”, mas garante que não há “profissão mais bela” no mundo. Mesmo trabalhando para um meio de comunicação nacional, o Diário de Notícias, não deixa de fazer jornalismo de proximidade e apesar de “não ser fácil gerir” a linha que separa este jornalismo do de âmbito nacional, assume que a “parte positiva do seu trabalho, cobre sempre a parte negativa”.

Numa breve referência à política nacional faz questão de afirmar que “um jornalista também é cidadão” e que existe uma “tendência crescente para considerar que os jornalistas não podem falar sobre a política”. Invocando dois pontos do Código Deontológico dos jornalistas revela que não faria a cobertura “de um partido como o CHEGA”, pois “o jornalista deve recusar as práticas jornalísticas que violentem a sua consciência” e apesar de concordar que o “jornalismo deve ser objetivo”, não deixa de referir que todos os profissionais da sua área “devem ser agentes públicos, que interpretem a realidade, e não apenas um pé de microfone, que recolhe as coisas, faz de mensageiro e depois publica”.

Esteve envolvida em vários projetos (a maior parte da sua carreira como repórter no Região de Leiria e diretora no jornal O Eco). Um deles é a Preguiça Magazine que nasceu em Leiria pela mão de 4 jornalistas e no qual Paula Sofia Luz participou como jornalista colaboradora e como cronista através d’ “O barulho das luzes”. Este terminou em 2014, por ser um projeto assente em voluntariado, pois “todos liam, todos gostavam, comentavam, mas o ninguém pagava”. Um projeto que a marcou, pois permitiu “escrever de outra maneira” onde tinha “tempo e espaço para contar histórias”.

Uma mulher ativa socialmente, fez voluntariado na Liga Portuguesa contra o Cancro, durante uma parte dos dois anos em que esteve desempregada. Em 2013 envolveu-se numa lista para a Junta de Freguesia da sua cidade e, também em manifestações como “Que se lixe a Troika”. Atualmente escreve para o blogue “Farpas Pombalinas”, um blogue “de intervenção política, mas não partidária”.

Enquanto profissional diz que é “jornalista por excesso e por defeito” assumindo que o “excesso vem da vontade e determinação de querer fazer coisas e isso aos olhos dos outros é muitas vezes um defeito”. Já sofreu várias represálias ao “longo da vida profissional” sobretudo por causa da sua convicção de que “um jornalista também é cidadão”.

Como em todas as profissões do mundo “nem sempre fazemos aquilo que queremos, mas é importante que façamos sempre aquilo que gostamos” e por isso o jornalismo faz parte de si e o seu grande objetivo é que “pessoas de todos os cantos do país” tenham voz nas suas notícias. Atualmente é jornalista freelancer, trabalha maioritariamente para o DN, mas colabora também com a revista Evasões, o portal Educare e o Jornal de Leiria.

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