População de Belazaima do Chão sem médicos de família há mais de um ano

Na União de freguesias de Belazaima do Chão, Castanheira do Vouga e Agadão, no concelho de Águeda, a população vive com falta de médicos de família há mais de um ano. São 2500 pessoas que estão sem este serviço, desde outubro de 2019, e o assunto foi tema de uma reunião entre Vasco Oliveira, presidente desta União de Freguesias e Pedro Almeida, diretor da ACES do Baixo Vouga, no início deste mês.

Texto de João Nogueira, Maria Lopes, Mariana Fernandes, Mariana Úria e Rafael Fernandes

Áudio de Luciana Soares e Luís Silva

O presidente de União de Freguesias duvida que a situação possa melhorar, afirmando que não se “avizinha uma luz ao fundo do túnel”. Não chegando a qualquer conclusão na reunião, Vasco Oliveira receia o agravamento da falta de médicos no concelho, uma vez que “há médicos a entrar na reforma” e outros que, supostamente, “irão colocar baixa por outros motivos”.

Em situações de maior necessidade, a população sente dificuldades no acesso à saúde. É o caso de Maria Adriana Conceição, utente do posto de saúde local, que se sente afetada pela falta de recursos médicos. Explica que “muitos dos utentes não vão a médicos de família” e, em alternativa, “procuram nas suas mezinhas caseiras, com algum obscurantismo à mistura”. A utente refere ainda que aqueles que têm “maior capacidade económica e mobilidade optam por clínicas privadas, onde os médicos não faltam”. 

Carlos Santos, também habitante de Belazaima e utente deste posto de saúde local, sublinha a existência de problemas no acesso aos serviços na sede do município, pois “para pessoas com capacidade de conduzir é possível, porque temos boas acessibilidades. Contudo, para pessoas com idade, pela autonomia que já não têm, não têm capacidades para isso”.

 A 20 km do centro de saúde mais próximo, uma das dificuldades é o facto de não haver transportes. “Ora, se a proximidade é pegar nas pessoas e levá-las ao médico, isso não é proximidade nenhuma. A proximidade é o médico vir até junto das pessoas”, assegura.

O crescimento do descontentamento da população é notável dado que as eleições presidenciais deste ano foram boicotadas. Os populares reuniram-se em torno do centro de voto e, com as portas trancadas, protestaram a falta de médico de família na Extensão de Saúde, há mais de um ano.

O presidente da União de Freguesias, apesar de não concordar com a forma do protesto compreende a revolta, em declarações ao jornal Nascer do Sol refere que “a população, indignada e revoltada, virou-se para a parte política, porque vê que não há frutos e começa a deixar de acreditar”.

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