4 milhões de euros em recuperação de património na Região Centro

Direção Regional de Cultura do Centro vê aprovadas nos últimos meses 7 candidaturas no contexto do Programa Operacional Centro 2020, as quais irão permitir o restauro e valorização de diversos monumentos nacionais.

Por Ana Francisca Oliveira

Os projetos das 7 candidaturas possuem uma prioridade de concretização pois são estratégias no quadro de atração e desenvolvimento territorial. Com um investimento total de 4 milhões de euros, já se encontram em execução, em Coimbra, as obras do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha e da Igreja do Carmo e em Mangualde da Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão, sendo que os restantes projetos serão iniciados até ao final do primeiro semestre de 2021.

A Direção Regional de Cultura do Centro acompanha ainda 57 outros projetos de reabilitação de património, em protocolos com outros municípios, entidades públicas e privadas.

No entanto, há ainda muito a fazer, porque a preservação e salvaguarda patrimonial é um trabalho continuado no tempo. Por esta razão, a “Estratégia Regional de Cultura 2030” definiu como um dos seus objetivos estratégicos a reabilitação, valorização e dinamização do património cultural através de um plano sistemático, de escala regional, que atenda às necessidades do património móvel e imóvel, material e imaterial da região Centro“.

Suzana Menezes, diretora regional de cultura

O Mosteiro de Santa Clara-a-Velha tem origem no século XIII, sofreu a sua primeira cheia pelo Mondego em 1331, e ficou ao abandono em 1677. Foi considerado Monumento Nacional em 1910, mas foi apenas em 1995 que foi criada uma campanha arqueológica que permitiu por a descoberto parte do antigo mosteiro. Depois de sofrer uma das mais extensas e complexas obras de recuperação em Portugal, como a recuperação da igreja, a criação de um centro interpretativo e a implementação de um circuito de visitas, foi inaugurado em 2009. Sofreu novamente estragos com as fortes cheias de 2016, que ameaçaram a integridade da estrutura, como desmoronamentos, e a inutilização do depósito de materiais arqueológicos. Com um investimento total de cerca de 640 mil euros, com um valor comparticipado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional de cerca de 585 mil euros, os arquitetos Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez, com o apoio técnico da Direção Geral de Cultura do Centro iniciaram as reparações em maio de 2020, com o objetivo de término em setembro de 2021.

O Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão, em Mangualde, sofreu várias obras ao longo da sua existência, porém foi abandonado em 1834, com a extinção das ordens religiosas. Foi classificado Mosteiro Nacional em 2002, porém o estado de degradação é evidente, e depois das devidas reconstruções, o Mosteiro poderá ser visitado. As obras iniciaram-se em outubro de 2020, com término em finais de 2021, e o Mosteiro vai contar com a criação de uma exposição de longa duração e com a sua inserção nos roteiros culturais e turísticos do Município de Mangualde. Tem um investimento total de 500 mil euros, com um valor comparticipado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional de 425 mil euros.

A ocorrência de sismos causou danos significativos nas abóbadas da Igreja do Carmo, localizada em Coimbra. A obra garantirá condições para a visitação da mesma, bem como a sua promoção turística. O Colégio de Nossa Senhora do Carmo destaca-se na série de colégios universitários de Coimbra, que estão hoje incluídos na Lista do Património Mundial da UNESCO. A Igreja é considerada o coroamento das primeiras edificações portuguesas de estrutura renascentista no distrito. Tem um investimento total de cerca de 200 mil euros, com um valor comparticipado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional de cerca de 140 mil euros, com início da obra em março de 2021 e termino um ano depois.

A primeira igreja feminina cisterciense construída de raiz encontra-se no Mosteiro de Celas, em Coimbra. Salientam-se o coro executado por Gaspar Coelho, no final do século XVI, os lambris de azulejos setecentista e de fabrico coimbrão, a estatuária e as telas pintadas. As infiltrações no telhado de telha cerâmica estão a degradar o Mosteiro. Com um investimento total de cerca de 270 mil euros, estarão garantidas as condições para manter a utilização do monumento, com a realização de eventos de índole religiosa e cultural. Espera-se o término das recuperações em março de 2022.

Com término de obra em março de 2022 e início em abril de 2021, a Sé Nova de Coimbra poderá ser visitada pelo público. Foi construída no século XVI, e está inscrita na lista de Património Mundial da UNESCO. Tem um investimento total de cerca de 415 mil euros.

A Sé Velha de Coimbra está classificada como Monumento Nacional, e foi inscrita na Lista do Património Mundial pela UNESCO, em dezembro de 2013, como “a Universidade de Coimbra – Alta e Sofia”. Foi mandada contruir pelo bispo D. Miguel Salomão em 1162, e poderá ser visitada depois do período de obras, bem como suportar a realização de eventos de índole cultural. Começará a ser renovada no 1º semestre de 2021, e tem um investimento total de cerca de 410 mil euros.

Com o maior investimento, com um valor total de cerca de 1.4 milhões de euros, a Sé de Viseu vai receber várias intervenções, com particular foco na sua capacitação para o acesso de pessoas com mobilidade reduzida. A Sé foi edificada no século XII, e sofreu várias remodelações no século XIII e XIV. Nos dois séculos seguintes seguiu-se o maior ciclo construtivo, com a construção da abóbada de nós, de uma fachada manuelina e do claustro renascentista da traça de Francesco de Cremona, o arquiteto de D. Miguel da Silva. Será então instalado um elevador e duas plataformas mecânicas nas escadarias do exterior, que permitirão acesso à antiga Residência Paroquial e às restantes partes da Sé. No interior da igreja será executada uma estrutura de elevação do pavimento do transepto, visando a proteção da zona onde se localizam sepulturas.

Os 7 projetos visam então a salvaguarda e a reabilitação dos patrimónios nacionais, a criação de condições de conservação dos mesmos, dando continuidade à integridade física dos imóveis, à promoção e valorização turística e a contribuição do reforço do posicionamento da Região Centro enquanto destino turístico de excelência.

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