O futuro é digital

No âmbito da unidade curricular “Oficina de Relações Públicas”, do curso de Publicidade e Relações Públicas (PRP), realizou-se no auditório da Escola Superior de Educação de Viseu (ESEV) uma conferência sobre as possibilidades oferecidas neste área pelos meios digitais.

Sara Santos, docente responsável da disciplina de “Oficina de Relações Públicas” e organizadora do evento, definiu a conferência como uma “aula aberta”, não só para alunos de PRP, mas também para os de Comunicação Social, por ser um tema de interesse mútuo, e foi com agrado que a professora viu a adesão em massa por parte dos alunos de ambos os cursos.

A convite da organizadora marcaram presença no auditório da ESEV Ana Mafalda Matias, responsável pela unidade curricular, e Nuno Marques, digital marketing strategist e co-fundador da “Groovit”, uma agência digital.

Ana Mafalda Matias abriu a sessão apresentando o tema e defendendo que “os objetivos de uma estratégia de relações públicas se prendem, essencialmente, com questões de imagem”, e dando enfâse, naturalmente, à evolução que os meios digitais trouxeram a esta área. “Os avanços tecnológicos, nomeadamente o desenvolvimento da internet, operaram, e continuam a operar, transformações profundas na prática das relações públicas”, declarou a docente. A migração dos leitores para o online tem despoletado uma aposta cada vez mais forte das empresas na Web, bem como dos próprios meios de comunicação social, que têm diminuído o número de suportes impressos e investem cada vez mais na web, de acordo com as palavras da professora.

Nuno Marques, outro dos oradores da conferência, começou a sua participação por referir que o meio digital não veio substituir o tradicional, mas sim complementá-lo. Segundo o digital marketing strategist, “contrariamente aos meios tradicionais, o digital permite medir a força das ações e campanhas e isso é muito importante”. Outro aspeto considerado fundamental pelo co-fundador da “Groovit” é o “ruído”, muito presente nos meios tradicionais, mas que no digital perde força porque “na comunicação online o recetor está compenetrado com um telemóvel ou num computador, ou seja, o ruído é automaticamente minimizado e a pessoa está com uma atenção diferente a ver esse conteúdo”.

De acordo com Nuno Marques, para ser bem-sucedido, o Relações Públicas Digital (RPD) deve dominar alguns canais, como o desenvolvimento de aplicações, o web design, o vídeo e o e-mail marketing. Outra área fundamental é o “Search Engine Optimization” (SEO), que consiste em “trabalhar as propriedades digitais de um website, de forma a que quando se faça uma pesquisa na Google, o nosso website, se tiver uma resposta adequada para a pesquisa, surge melhor posicionado nos resultados obtidos”.

Hoje em dia está muito em voga uma marca possuir embaixadores e foi de acordo com isso que o orador identificou o caso da “Like a Lord”, uma marca de vestuário, que tem em Rui Unas um dos seus embaixadores, e exemplifica a importância de um RDP nesta vertente. “O Rui Unas é um embaixador porque a marca entendeu que ele tem seguidores que podem ter interesse nos produtos. Um RDP pode fazer este trabalho para a marca, facilitar, envolver-se com influenciadores e gerar conteúdo para que isto possa ser disseminado”.

Foi neste sentido que Nuno Marques apresentou um “case study”, o caso da “Aquascutum”, uma marca de moda da Grã-Bretanha, que tinha criado a perceção no mercado que ia falir. Circulavam muitas informações negativas na web e as pessoas achavam que a empresa ia fechar. “O Relações Públicas Digital arrumou a casa e definiu uma estratégia para salvar a marca, ter pessoas de referência na área da moda, preferencialmente bloggers com inúmeros seguidores e com alto nível de influência”, ressalva o orador. A verdade é que a estratégia acabou por ser um sucesso, e a empresa obteve “um aumento 1200% no tráfego de pesquisa de uma referencia na web, aumento de pesquisa no Google e aumento do lucro com origem de pesquisa da marca”.

Nuno Marques terminou a sua participação elucidando os presentes sobre os desafios que o futuro lhes reserva, destacando a competitividade e exigência do mercado. “Há uma exigência de polivalência. Eu não sou designer, mas neste momento sinto-me obrigado a ter capacidade de produzir bom conteúdo visual na web, tive de aprimorar esta capacidade”, afirma o digital marketing strategist.

Curioso que no mesmo dia que se realizou esta conferência na ESEV, a Adidas, uma das maiores marcas desportivas do mundo, através do seu CEO, Kasper Rorsted, informou que a publicidade da empresa abandonará a TV, e passará na sua totalidade para o meio digital, prevendo quadruplicar as suas receitas desse modo.

Texto e foto: João Miguel Carvalho

 

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