Joacine Katar Moreira, ou “La chica ente” está na corda bamba com o partido LIVRE

Joacine Elysses Katar Tavares Moreira, mais conhecida por Joacine Katar Moreira, nasceu em Bissau e mudou-se para Portugal aos 8 anos. Joacine Katar Moreira é uma ativista e política luso-guineense, tendo sido eleita deputada do Parlamento português pelo partido LIVRE, em outubro do passado ano.

Por Tifany Santos

Joacine Katar Moreira nasceu em 1982 em Bissau, mas vive em Portugal desde 1990, tendo assim dupla-nacionalidade. Licenciou-se em História Moderna e Contemporânea, tirou mestrado em Estudos do Desenvolvimento e conclui os estudos com um Doutoramento em Estudos Sociais, pelo Instituto Universitário de Lisboa. Quando era criança, Joacine Katar Moreira diz ao Público, que era conhecida como “la chica ente”, porque era tudo o que acabava em “ente”: impertinente, insolente e inconsequente.

Quando aos oitos anos de idade foi enviada para o colégio das espanholas Irmãs Dominicanas da Anunciata, em Mafra, Joacine admite que não se identificava com as restantes colegas, visto que muitas delas foram retiradas às famílias em contextos de dificuldades económicas e maus tratos, e este não era o seu caso, uma vez que foi a sua avó que a colocou no colégio para que esta fugisse da instabilidade política que decorria em Bissau, elucidou Joacine Katar Moreira em entrevista ao Diário de Notícias.

A primeira vez que Joacine Katar Moreira concorreu pelo LIVRE foi em 2015, para as eleições legislativas, e ocupada o 22º lugar na lista de Lisboa. A ativista luso-guineense foi membro do partido LIVRE e cabeça de lista deste partido, no círculo de Lisboa nas eleições legislativas portuguesas de 2019. Foi eleita deputada, tendo sido a primeira mulher eleita pelo partido desde que este foi criado.

 A 31 de janeiro de 2020, Joacine Katar Moreira e o partido LIVRE acabaram por se desentender, levando a que o partido lhe retirasse a confiança política. O porta-voz do LIVRE garantiu que a decisão de afastar Joacine Katar Moreira, adveio da irresponsabilidade da mesma, salientando que, no entanto, irão continuar a defender Joacine dos ataques racistas e sexistas provenientes de algumas partes da sociedade portuguesa

Em termos de experiência profissional, a deputada apresenta uma vasta diversidade de áreas, tais como bolseira de Investigação a trabalho em arquivos, consultoria com Organizações não-governamentais, coordenação de uma exposição internacional, editora de um boletim informativo. Escreveu recensões de livros, de prefácios e posfácios, tendo publicado também artigos e contos. Afirma também que, enquanto mulher e ativista antirracista, as questões de Igualde e Justiça Social são deveras importantes. Esta informação encontra-se na sua página no site do partido LIVRE.

Joacine Katar Moreira fundou, em 2018, o Instituto da Mulher Negra em Portugal (INMUNE). Sendo presidente do INMUNE, descreve o Instituto como uma entidade antirracista e feminista interseccional, desejando intervir na sociedade e produzir conhecimento sobre as experiências das mulheres negras, coincidindo com as medidas do LIVRE, que requer a criação de quotas étnico-raciais, e também a recolha de dados étnico-raciais sobre a população nos censos, e a alteração da lei da nacional, possibilitando todos os cidadãos que nasçam em Portugal a serem automaticamente portugueses.

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