Guilherme Boulos, o psicanalista do povo

Coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) do Brasil e professor, Guilherme Boulos, de 38 anos, fez sua subida na política entre discursos em carros de som, conversas com os cidadãos, que ainda conhece muitos pelos nomes das muitas ocupações feitas por São Paulo e também recorrendo às novas plataformas para conquistar a “geração Tik Tok”.

Por João Santos

Logo jovem deixou sua casa e se entregou à militância, entrando para o movimento estudantil em 1997, como militante da União da Juventude Comunista e foi morar em uma ocupação do MTST, mas foi no Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) desde 2018, onde tentou a presidência do Brasil, que Boulos se tornou uma mira de discursos de adoração e de ódio.

Filósofo e psicanalista formado, ele foi ganhando o gosto do povo com sua característica voz de comando, mas que ainda se mostra disposto a sujar as próprias mãos para ir em qualquer ação de seu movimento. Um estilo de líder, segundo a doutora em ciências sociais Esther Solano, tradicional que quase não podemos mais achar, tendo sido comparado até aos anos iniciais do Lula, ex-presidente do Brasil.

O candidato do PSOL foi derrotado recentemente pelo adversário Bruno Covas do PSDB na briga pela prefeitura de São Paulo, porém as pessoas viram isso como uma “vitória” na trajetória política de Boulos. O psicanalista mostrou ser capaz de conciliar um estilo tradicional de liderança com as mais diversas possibilidades oferecidas pelas plataformas digitais. Isso é consolidado com os 40% dos votos recebidos para a prefeitura de São Paulo, que ele chama de “votos com esperança”, e ainda fez com que os partidos de esquerda e de centro-esquerda se unissem para apoiá-lo, com Lula (PT), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Flávio Dino (PC do B) apoiando juntos em tempo de TV o candidato do PSOL. Foi a primeira vez que se uniram no apoio a um candidato desde 2006, quando Lula conquistou o segundo mandato na Presidência da República.

Boulos já se solidifica como uma figura incontornável da esquerda brasileira e é já dito por muitos especialistas como uma grande força política nas próximas eleições brasileiras, como já diz o bordão repetido nas manifestações populares, “quem não pode com formiga não atiça o formigueiro”.

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