Festival de cinema ‘Vista Curta’ de Viseu: “um olhar sobre África”

O festival de cinema Vista Curta, organizado pelo Cine Clube de Viseu, terá como grande novidade “um olhar sobre” a África lusófona, tendo garantido a presença dos realizadores Margarida Cardoso, Billy Woodberry e Sol de Carvalho como convidados especiais. O evento irá decorrer entre os dias 27 de outubro (terça-feira) e o dia 31 de outubro (sábado) e, para além da apresentação de curtas-metragens e filmes, terá várias exposições, concertos e uma plataforma online que disponibiliza filmes com diferentes temáticas.

Por André Reis

A vice-presidente do Cine Clube de Viseu, Margarida Assis, refere que a escolha da temática “um olhar sobre África” deu-se devido a um conjunto de fatores que foram  “favoráveis”, ou seja, “todos os filmes como o “Mabata Bata” e o “Monólogos com a História”, ambos de Sol de Carvalho; o “Understory” e o “Ivone Kane”, de Margarida Cardoso e o “Story from Africa”, de Billy Woodberry , juntamente, com a reedição e exposição do livro “O dia em que a terra se fez mar”, uma iniciativa original da  Associação Cultural e Recreativa de Tondela (ACERT), cujo as vendas revertem a favor da escola secundária da Manga (Moçambique), fez com que as condições estivessem reunidas para fazer este olhar sobre África”.

Margarida Cardoso, convidada especial e júri na competição de curta-metragens desta nova edição do Vista Curta, refere que “é muito importante poder olhar para as obras e perceber o que é que elas refletem, mantendo uma relação que, por vezes, é muito distante a nível cultural”. A cineasta portuguesa afirma que é importante que se “reativem os encontros culturais” para se conseguir ter um foco de “distração” tendo em conta a situação atual do país.

O Cine Clube de Viseu com a organização deste festival cinematográfico tem como objetivo “destacar o trabalho dos produtores e realizadores locais para que estes consigam chegar ao público local. Contudo, não nos queremos distanciar de uma produção de nível de festivais internacionais. Algo muito gratificante para nós é notar que a qualidade da produção local está ao nível da produção nacional”, afirma Margarida Assis, em entrevista, ao jornal #dacomunicação.

O festival vai contar com a exibição de 29 filmes, entre os quais o filme convidado “o Ano da Morte de Ricardo Reis” de João Botelho, 11 curtas-metragens que estarão em competição, 15 sessões em sala, dois concertos e a exposição “o dia em que a terra se fez mar” dedicada às catástrofes que Moçambique sofreu recentemente.

A organização tinha ainda programada uma atividade, no dia 31 de outubro, apelidada de “Portugal, migração, interior. E o cinema”, que sofreu alterações devido às limitações impostas pelo Governo português com a proibição de circulação de pessoas entre concelhos entre o dia 30 de outubro até o dia 2 de novembro. “Há uma atividade programada para Sábado (31 de outubro), que é uma conversa sobre Portugal, migração e o cinema com os realizadores Ana Maria Gomes e João Vladimiro, que contava com a presença dos moradores dessas aldeias, e que agora já não vai ser possível contar com essas presenças. Temos este tipo de adaptações para o qual tínhamos de estar preparados para agir, mas mesmo assim estamos muito felizes de poder avançar e realizar a atividade”, explica, Margarida Assis, vice-presidente do Cine Clube de Viseu.

O evento Vista Curta vai realizar-se num contexto pandémico e a organização irá ter um espaço original que intitularam de “Cinema à tarde”. Este consiste num protocolo com os lares e Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), onde irão ser disponibilizados filmes ao “público que está afastado das salas de cinema devido à situação atual”.

O início do Vista Curta 2020 em Viseu está marcado para a próxima terça-feira, 27 de outubro, às 21h30, no Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e terá como estreia o filme convidado “O peculiar crime do estranho Sr. Jacinto”,  de Bruno Caetano e ainda os filmes “Mabata Bata” e o “Monólogos com a História”,  de Sol de Carvalho.

a