Escavações arqueológicas na Mamoa da Cumeeira

No passado mês de setembro teve lugar a primeira campanha de escavações arqueológicas na Mamoa da Cumeeira, situada junto à Zona Industrial de Oliveira de Frades.

Estes trabalhos, codirigidos por Fabián Cuesta-Gómez e António Faustino Carvalho, foram enquadrados por um projeto conjunto do Município e da Universidade do Algarve, aprovado pelo Ministério da Cultura para o quadriénio de 2020-2024, que visa o conhecimento dos monumentos e das práticas funerárias da Pré-História regional.

Este sítio arqueológico era já conhecido e, em parte, o interesse científico no seu estudo resultava do facto de ser estruturalmente distinto do conhecido Dólmen de Antelas, localizado nas proximidades. Com efeito, este último é um grande monumento neolítico (com 6 mil anos) enquanto a Cumeeira é uma pequena mamoa (uma colina artificial) que encerra um sepulcro que urgia conhecer melhor.

As escavações, que irão ser concluídas no Verão de 2021, revelaram que na Cumeeira temos um sepulcro do final da Idade do Bronze (de há 3 mil anos), de pequenas dimensões, mas ainda assim com uma arquitetura mais complexa do que aparentava. Os seus construtores começaram por regularizar a superfície do local com uma densa camada de pedras, sobre a qual construíram uma cista (uma “caixa” em pedra) com lajes de granito onde se praticou o ritual funerário.

A delimitar este espaço foi ainda construído um muro circular, no interior do qual se descobriram pequenos fragmentos de potes de barro utilizados nas cerimónias fúnebres. Sobre estas estruturas foi então criada a colina artificial, com pedras e terra, para encerrar e proteger para a posteridade os restos do defunto. Uma das questões que se mantém em aberto é determinar que tipo de ritual funerário terá sido empregue, se a inumação, se a cremação. Este último é, aliás, o mais frequente nesta época, o que representa uma profunda mudança cultural e ideológica face aos rituais funerários anteriores.

Estes trabalhos permitiram ainda verificar que, imediatamente a nordeste da mamoa, se encontra uma outra, ainda mais pequena, e que será também escavada em 2021; cerca de 50 m a noroeste, por seu lado, foi identificado um afloramento rochoso com “covinhas” que poderão estar relacionadas com os cultos praticados na Cumeeira nesta época recuada.

Os objetos e os dados científicos recuperados nestes trabalhos, e noutros que o projeto tem previstos para o município, irão incorporar a Sala de Arqueologia do Museu Municipal, enriquecendo-a com estes conhecimentos acerca do mais remoto passado de Oliveira de Frades.

a